![Rei da Jordânia oferece-se para acolher duas mil crianças doentes de Gaza](/assets/img/blank.png)
“É um gesto bonito”, aprovou Donald Trump, sentado ao lado do seu convidado, Abdullah II, e do príncipe herdeiro, Hussein, na Sala Oval da Casa Branca.
O plano de Trump para a Faixa de Gaza, a saber, esvaziar o território dos seus habitantes para o transformar numa vasta zona de desenvolvimento imobiliário sob o controlo dos Estados Unidos, desencadeou uma onda de indignação internacional.
O monarca jordano anunciou também que o Egito está a elaborar um plano de cooperação com Donald Trump e que tal projeto será discutido na Arábia Saudita.
“Vamos aguardar até que os egípcios possam apresentar” esse plano ao chefe de Estado norte-americano, afirmou.
Trump, que chegou a mencionar a suspensão da ajuda dos Estados Unidos à Jordânia caso esta não acolhesse os palestinianos deslocados, adotou hoje um tom mais conciliador, afirmando que não era necessário “ameaçar” o país: “Penso que já ultrapassámos essa fase”.
O multimilionário de 78 anos, antigo promotor imobiliário, também respondeu “não”, quando um jornalista lhe perguntou se tencionava participar a título particular no projeto que está a elaborar para a Faixa de Gaza.
A reunião de hoje decorreu numa altura em que o cessar-fogo em Gaza está fragilizado, depois de Trump ter, na segunda-feira, exigido que o movimento islamita palestiniano Hamas, desde 2007 no poder naquele enclave palestiniano, liberte os reféns israelitas, o mais tardar no sábado, sob pena de ali se desencadear “um verdadeiro inferno” se não o fizer.
“Acho que não vão cumprir o prazo”, disse hoje Trump sobre o Hamas.
Após mais de 15 meses de guerra no território palestiniano sitiado por Israel, entrou em vigor, a 19 de janeiro, um acordo de cessar-fogo negociado por mediadores internacionais – Qatar, Estados Unidos e Egito -, que prevê o fim das hostilidades, a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinianos e o aumento da ajuda humanitária a Gaza.
A Jordânia é um aliado fundamental dos Estados Unidos no Médio Oriente, mas Abdullah II rejeitou na semana passada “qualquer tentativa” de tomada de controlo dos territórios palestinianos ou de deslocação permanente dos seus habitantes.
Donald Trump quer reconstruir este território devastado pela guerra e transformá-lo na “Côte d’Azur do Médio Oriente”, depois de retirar de lá definitivamente os palestinianos.
O Presidente norte-americano instou em particular a Jordânia e o Egito a acolherem os mais de dois milhões de habitantes de Gaza que seriam deslocados.
Os países árabes rejeitaram firmemente a proposta, insistindo na solução da coexistência pacífica de dois Estados, um Estado palestiniano independente ao lado de Israel.
No final desta semana, será a vez de o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, visitar a Casa Branca, após ter hoje apelado para que Gaza seja reconstruída “sem deslocar os palestinianos”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Badr Abdelatty, também se reuniu na segunda-feira com o homólogo norte-americano, Marco Rubio, em Washington. O Cairo emitiu posteriormente um comunicado rejeitando “qualquer compromisso” que atente contra os direitos dos palestinianos.
Segundo muitos especialistas, esta questão do acolhimento dos palestinianos é particularmente importante para a Jordânia: metade dos seus 11 milhões de habitantes são de origem palestiniana e, desde a criação do Estado de Israel, em 1948, muitos palestinianos procuraram refúgio neste país vizinho.
Em 1970, eclodiu um conflito – mais tarde designado como “Setembro Negro” – entre o Exército jordano e grupos palestinianos liderados pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que culminou com a expulsão desses grupos do reino haxemita.
Mas a Jordânia está bem ciente da pressão económica que Donald Trump poderá exercer sobre o país. Todos os anos, Amã recebe cerca de 750 milhões de dólares (725 milhões de euros) de ajuda económica de Washington e mais 350 milhões de dólares (338 milhões de euros) de ajuda militar.
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