O Sindicato das Indústrias, Energias, Serviços e Águas de Portugal (SIEAP) alertou para o grave problema dos trabalhadores indiretos da central termoelétrica de Sines da EDP que já receberam carta de despedimento e defendeu uma transição energética justa.
“Há 99 trabalhadores que a partir de hoje ficam sem emprego com o encerramento da central, ou seja já têm as cartas de despedimento”, disse o representante do Sindicato das Indústrias, Energias, Serviços e Águas de Portugal (SIEAP), Egídio Fernandes, à agência Lusa.
Estes trabalhadores, a partir da próxima segunda-feira, 4 de janeiro, “apresentar-se-ão no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) para solicitar o respetivo subsídio de desemprego e reemprego”, acrescentou.
A EDP recebeu as autorizações necessárias para encerrar a atividade na central a carvão de Sines a partir de 15 de janeiro e pretende fazê-lo nessa mesma data, disse hoje fonte oficial da empresa à Lusa.
“A EDP confirma que recebeu as autorizações necessárias para encerrar a atividade da Central de Sines a partir de 15 de janeiro e mantém os planos para encerrar nessa data”, informou a empresa do setor energético.
De acordo com o dirigente sindical, “nas últimas duas semanas, o IEFP, tem feito ações de informação com um conjunto muito alargado de trabalhadores diretos e prestadores regulares de serviços da EDP sobre o subsídio de desemprego, reemprego e condições de acesso à reforma”.
“Neste momento estão a decorrer ações individuais para analisar a situação social, de emprego e académica de cada trabalhador, para a possibilidade de integrarem ações de formação com vista a novos empregos que, eventualmente, virão para Sines”, no distrito de Setúbal, indicou.
A solução para estes trabalhadores “que prestam serviços em instalações essenciais ao funcionamento da central, e alguns deles há mais de 30 anos”, poderá ser a “nova indústria do hidrogénio” verde, cujo início da construção está previsto para 2021 e o arranque da produção em 2022.
“A acontecer prevemos que alguns destes trabalhadores poderão integrar a exploração da nova indústria”, adiantou o sindicalista, considerando que “uma transição energética justa” passa por “um reemprego imediato destes trabalhadores que são técnicos qualificados e altamente qualificados”.
O sindicato defende que “sejam considerados “trabalhadores em trânsito”, ou seja de uma empresa para outra e não desempregados”.
“Nestes processos há sempre trabalhadores que não são reintegrados, outros que irão optar por outra vida mas o nosso objetivo é manter e até, se possível, reforçar o emprego na região do litoral alentejano”.
Quanto aos trabalhadores da EDP, “uma parte deles têm o problema em vias de resolução, mas há um grupo mais pequeno, de trabalhadores com menos de 50 anos, que não têm solução à vista”, indicou o dirigente do SIEAP.
“Numa primeira fase alguns ficarão na central porque é necessário fazer o descomissionamento e outros terão que ser movimentados para outros locais de trabalho da EDP, sendo que o mais perto será Setúbal, Beja ou Évora”, explicou.
Dos 109 trabalhadores que “inicialmente estavam com problemas da pré-reforma, reforma, mobilidade ou não, há sete ou oito trabalhadores que não sabemos para onde vão após o encerramento e há um problema ainda com cerca de 16 trabalhadores que não sabemos se aceitarão a pré-reforma”, disse Egídio Fernandes.
“Estamos em conversações com a EDP porque as condições que se fazem nestas circunstâncias são condições de acordo e as condições de acesso à reforma ainda não são muito claras, mas creio que seja resolvido e iremos pugnar para que haja um menor prejuízo possível”, concluiu.
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