O Ministério Público espanhol pediu ao tribunal supremo que seja ativada a ordem de detenção europeia contra o ex-presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, que chegou hoje à Dinamarca para participar numa conferência.

De acordo com fontes do Ministério Público espanhol, contactadas pela agência de notícias EFE, o pedido de detenção foi feito a Pablo Llarena, juiz do Tribunal Supremo e aplica-se apenas à Dinamarca.

Trata-se da primeira vez que o ex-presidente da região autónoma da Catalunha se desloca a um outro país desde que se encontra na Bélgica para onde fugiu no final de 2017.

Carles Puigdemont viajou para a Dinamarca num voo da companhia Ryanair que aterrou em Copenhaga às 08:20 (07:20 em Lisboa). Puigdemont participa hoje num debate na Universidade de Copenhaga subordinado ao tema “A Catalunha e a Europa na encruzilhada da democracia?".

Na liderança do executivo catalão desde janeiro de 2016, Puigdemont e a sua equipa governativa foram destituídos pelo governo central de Madrid após a declaração unilateral de independência de uma “República catalã”, feita em Barcelona no passado dia 27 de outubro.

As autoridades espanholas acusaram então o presidente catalão destituído dos crimes de sedição, rebelião e peculato.

A conferência em Copenhaga acontece numa altura em que estão a decorrer negociações sobre a escolha do próximo presidente do governo autónomo da Catalunha, na sequência das eleições regionais de 21 de dezembro, escrutínio que permitiu aos independentistas manter uma maioria parlamentar absoluta.

Puigdemont é o principal candidato, mas quer ser investido à distância, de forma a evitar uma possível detenção assim que pisar território espanhol.

Numa entrevista à Catalunya Radio, Puigdemont disse hoje que é “viável” ser presidente do governo catalão (também conhecido como Generalitat) desde Bruxelas em virtude do uso das novas tecnologias.

E acrescentou que não pode exercer o cargo como “presidiário” em Espanha e que, por isso, só admite renunciar caso lhe venha a ser retirado apoio parlamentar, em Barcelona.

O governo de Madrid já avisou que se opõe ao cenário de uma presidência ausente.

Esta viagem à Dinamarca também permite a Puigdemont contornar alguns contratempos administrativos: os cidadãos europeus podem viver na Bélgica sem autorização de residência durante um período de três meses. Após este período, devem teoricamente deixar o território.

Caso não realizasse esta deslocação a Copenhaga, Puigdemont teria de sair do território belga até ao próximo dia 30 de janeiro.

Quando regressar da Dinamarca, o ex-chefe do governo autónomo catalão poderá ficar na Bélgica por mais três meses, confirmou o serviço de estrangeiros belga quando contactado pela agência noticiosa francesa France Presse (AFP).

(Notícia corrigida às 14h00: o pedido de detenção foi feito a Pablo Llarena e não por Pablo Llarena.)