Entrevistado na rádio Antena1 pela jornalista Maria Flor Pedroso, David Justino rejeitou o "determinismo político" que dita o afastamento dos líderes partidários derrotados em eleições legislativas e sublinhou que a moção de estratégia que Rio vai levar ao congresso de 16, 17 e 18 de fevereiro "está apontada para a próxima década".
"Não podemos estar condenados a uma espécie de determinismo político de dizer que quem perde tem que se ir embora. Não necessariamente! Porquê? Se a estratégia está bem construída, se o desempenho foi bom, porquê? Os adversários também não têm mérito?", questionou o antigo ministro da Educação do executivo de Durão Barroso e ex-conselheiro do Presidente da República Cavaco Silva.
Antes, David Justino foi diretamente interrogado por Maria Flor Pedroso se o PSD deveria estar preparado para "segurar um líder que perde", ao que respondeu: "Porque não?".
"O PSD tem de estar sempre preparado para a inovação política e para as maneiras de pensar que rompem... Eu sei que a história tem um peso, e como eu tenho essa dimensão de historiador, mas não é nenhum determinismo. E, portanto, se é necessário lutar contra aquilo que foi a história, luta-se contra isso", frisou.
Quanto ao documento estratégico que o líder eleito no passado sábado vai levar à reunião magna de fevereiro, o ex-ministro realçou que "não é só para dois anos, é para muito mais".
"A moção que eu tive a responsabilidade de coordenar não aponta exclusivamente para dois anos. Aquela moção está apontada para a próxima década", acentuou, embora recordando que, formalmente, o presidente do partido é eleito para um mandato de dois anos.
"Não vale a pensa estarmos a definir e a construir uma moção de estratégia para dois anos, se não tivermos em conta aquilo que queremos para Portugal nos próximos 15 ou 20 anos", sustentou.
David Justino considerou, porém, que o termo 'estratégia' "está muito banalizado e depois é adulterado", lembrando que "a estratégia pressupõe uma meta e a meta não é do doutor Rui Rio ou do PSD, é uma meta para Portugal".
O antigo conselheiro de Cavaco Silva em Belém rejeitou o afastamento militantes incómodos, recordando que sempre que isso foi tentado, "o PSD destruiu-se a si próprio".
"Isto não vai lá com vassouradas", argumentou, defendendo que "é necessário unir", mas advertindo, ao mesmo tempo, que "unir para deixar tudo na mesma, não vale a pena". "E unir para quem não quer ser unido, também não vale a pena", alertou se seguida.
Segundo David Justino, "a prática tem revelado que qualquer novo líder precisa de unir o partido para se apresentar para defender todos e não consumir-se em conflitos internos".
Na entrevista, o antigo ministro rejeitou argumentos como o da ex-líder Manuela Ferreira Leite de que o PSD deve 'vender a alma ao diabo', se for para retirar a extrema-esquerda do eixo da governação, e rejeitou apoiar o projeto de descentralização que o executivo levou ao parlamento.
Entretanto o PSD anunciou hoje que já foi nomeada a comissão organizadora do 37.º Congresso Nacional, que é constituída por José Matos Rosa e Feliciano Barreiras Duarte.
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