Na sua intervenção na sessão solene dos 45 anos do 25 de Abril, na Assembleia da República, em Lisboa, o deputado do PSD Pedro Roque fez, desta forma, uma referência implícita à polémica das nomeações familiares no executivo.
“Os portugueses repudiarão qualquer Governo que ouse administrar a ‘coisa pública’ fazendo uso daquilo que pertence a todos como se se tratasse de uma propriedade de qualquer partido. Rejeitamos que critérios ‘clubístico-partidários’ ou de nepotismo se sobreponham ao mérito e ao interesse coletivo”, alertou, recebendo palmas da bancada do PSD.
No seu discurso, o deputado do PSD Pedro Roque confessou que, apesar de o dia ser de “união em torno de um bem maior”, tem “alguma apreensão” com o futuro do país.
“Não gostaríamos de voltar a ver Portugal sujeito a ajuda financeira externa, tal como aconteceu em 2011″, sublinhou.
Num balanço de três anos e meio de governação do que chamou de “troika coligativa”, Pedro Roque enumerou que “a justiça não deixou de ser morosa”, “as queixas no Serviço Nacional de Saúde amplificaram-se”, “os salários são baixos e insatisfatórios”, “a descentralização não saiu do papel e da oratória”, “a sustentabilidade da Segurança Social continua ameaçada de morte a prazo” e “a carga fiscal também não deu sinais de baixar”.
“Tudo isto, já para não falar de elevada conflitualidade laboral e greves sem precedentes”, criticou o também secretário-geral dos Trabalhadores Sociais-Democratas.
Pedro Roque assegurou que os sociais-democratas estão “focados e motivados para gerar uma alternativa governativa, capaz de criar desenvolvimento económico real e estruturalmente imune às conjunturas económicas desfavoráveis”.
O deputado do PSD acusou o Governo de uma retórica “binária”: “Por cá, panfletária para comprazer o suporte parlamentar. E em Bruxelas, ortodoxa, visando manter o estatuto de aluno aplicado”.
“Toda a ciência governativa se resumiu ao exercício de uma gestão corrente adequada aos interesses de uma agenda tática, por forma a garantir a sobrevivência da coligação parlamentar. Compreende-se, mas é contraproducente”, criticou.
Pedro Roque lamentou também “uma navegação política de cabotagem, sempre com a costa à vista, sem ousadia reformista” e defendeu que a “profícua conjuntura internacional” não foi aproveitada pelo executivo.
“Infelizmente, não podemos comemorar o facto dessas opções terem favorecido estruturalmente a economia, ou de terem conseguido preparar o país para responder aos sinais de crise que já se esboçam no panorama internacional”, assinalou.
Realçando o valor do diálogo e da concertação, o deputado do PSD repudiou um “crescente número de posições radicais”, nomeadamente no plano internacional.
“É por isso que rejeitamos quaisquer representações ideológicas anacrónicas, tais como trabalho contra capital, público contra privado ou esquerda diabolizando a direita”, assinalou, defendendo o respeito pelas várias visões partidárias da sociedade.
“Independentemente de perspetivas ideológicas ou arrebatamentos programáticos, cada um dos 230 deputados representa Portugal, na sua diversidade, mas também deve representar a sua capacidade de unidade”, apontou.
Pedro Roque, coordenador do grupo parlamentar do PSD na Comissão de Defesa, fez ainda questão de saudar de forma especial as Forças Armadas pelo seu papel no 25 de Abril.
“O processo de democratização conducente a um Portugal progressista inaugura-se nesse momento fundador e também com o 25 de novembro de 1975″, defendeu.
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