“Podemos extrapolar [os resultados deste projeto] para alguns outros locais que tenham características similares. Por outro lado, a iniciativa também funciona como projeto-piloto para que depois possa ser replicada, de uma maneira mais abrangente, em vários pontos do arquipélago que sejam considerados críticos”, declarou à agência Lusa Francisco Fernandes.
O projeto-piloto, denominado ‘Decsionlarm’, que está a ser desenvolvido pelo LREC na freguesia do Lajedo, nas Flores, tem a duração de dois anos e passa pela implementação de uma rede de monitorização cinemática e hidrológica a um deslizamento que coloca em causa a segurança de pessoas e bens.
Francisco Fernandes explicou que está a ser feita a monitorização da instabilidade do talude do Lajedo, pretendendo-se “dar algum grau de previsibilidade e de antecipação ao que possa vir a acontecer através de toda a recolha de dados que é efetuada”.
O responsável adiantou que este trabalho, hoje apresentado em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, no âmbito de um seminário promovido pelo LREC, começou em 2016, já contemplou vários trabalhos de campo e a instalação do sistema de monitorização, decorrendo agora a fase de recolha de dados.
O diretor do LREC informou ainda que cada sistema de monitorização será adaptado aos diferentes locais dos Açores, uma vez que “não se consegue fazer uma cópia fiel”, obrigando, por isso, a que haja ajustamentos devido à diferença da natureza geotécnica de cada local.
Francisco Fernandes acrescentou que está a ser desenvolvido um outro projeto, denominado ‘Macastab’, que vai servir de base para a elaboração de um guia metodológico para a gestão dos riscos naturais gerados pela instabilidade de taludes e encostas nas ilhas vulcânicas da Macaronésia.
Esta iniciativa, que envolve os arquipélagos dos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde e é apoiada por fundos comunitários, vai estabelecer uma harmonização das bases metodológicas e a classificação dos terrenos geotécnicos, servindo de apoio ao planeamento em caso de catástrofes.
Questionado sobre os locais mais críticos do arquipélago em termos de instabilidade, Francisco Fernandes referiu que estes ainda não estão definidos, mas o objetivo é que as várias entidades envolvidas - LREC, direções regionais do Ambiente e dos Assuntos do Mar, e Universidade dos Açores - com as áreas que consideram críticas "cheguem a um consenso e a uma priorização do nível de gravidade".
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