"No âmbito do sistema de segurança interna, tem vindo a ser planeada e executada uma campanha designada como "Portugal Seguro". Para além das forças presentes e da segurança interna, há outras entidades públicas envolvidas", começou por dizer Luís Montenegro

"Nessa campanha, em relação à imigração ilegal e ao tráfico de pessoas já foram desmanteladas duas redes. Em paralelo, estão em curso investigações sobre acontecimentos recentes, do incêndio na via pública de veículos automóveis, autocarros, peças de mobiliária urbano, onde houve até 'atentados à vida', como o caso do motorista de autocarro em Loures", acrescentou.

Foram “mais de 170 operações, mais de quatro mil efetivos, fiscalizadas mais de sete mil pessoas e mais de dez mil veículos", enumerou Montenegro na comunicação ao País.

"Portugal é um país seguro, dos mais seguros do mundo. Mas, isso tem de ser trabalhado e alcançado todos os dias. Ou seja, não significa que os poderes públicos possam diminuir o impacto de algumas ações, que possam diminuir o sentimento de segurança e insegurança. Comparados com outros países, temos um posicionamento mais favorável, não significa que vamos fechar os olhos a algumas circunstâncias que contribuem, caso dos acontecimentos na Área Metropolitana de Lisboa", disse.

“Estamos no terreno todos os dias. Não estamos indiferentes às circunstâncias que determinadas zonas enfrentam. É consabido que o Governo reuniu com os presidentes das Câmaras afetadas e com as associações de moradores. Não teremos nenhum problema em estar no terreno quando tivermos de estar no terreno”, defendeu Montenegro.

"Reconhecemos a competência da nossa polícia", afirmou Montenegro, anunciando "20 milhões de euros para 600 veículos para a PSP e GNR. Todas as forças e serviços estão articuladas para dar resposta e salvaguardar esse bem essencial que é a segurança.", explicou.

Respondendo aos jornalistas quando perguntado sobre se mantinha a confiança na Ministra da Administração Interna, Montenegro garantiu ter "confiança em todos os membros do meu Governo. As nossas ministras estão a fazer um trabalho extraordinário. Nós queremos dar uma palavra de confiança, queremos dizer que somos um País seguro, mas não podemos deixar crescer fenómenos criminais graves. Temos de fazer de tudo para melhorar no desempenho de salvaguarda dos direitos das pessoas, nas liberdades de cada cidadão", explicou.

"Este encontro ocorreu à hora em que era possível", respondeu Montenegro aos jornalistas sobre esta conferência de imprensa, "é nossa obrigação dar nota ao país do que se está a fazer. É obrigação dar nota que há maior policiamento, mais forças de segurança no terreno, com vista a promover a fiscalização de várias atividades", explicou.

Por fim, Montenegro recusou ainda comentar as declarações de Pedro Nuno Santos, que tinha acusado o Governo de ter uma visão securitária do país. “O nosso foco não é trabalhar para as oposições; é trabalhar para as populações. Daqui a quatro anos, os portugueses tirarão as suas ilações.”

A reunião do primeiro-ministro com as ministras da Justiça e da Administração e Interna e com as chefias da PJ, PSP e GNR acontece no dia em que foi noticiado que a PJ deu cumprimento a vários mandados de busca no concelho de Loures, distrito de Lisboa, envolvendo “vários suspeitos” do incêndio num autocarro em Santo António dos Cavaleiros que em outubro feriu gravemente o motorista.

Os suspeitos são alegadamente os responsáveis pelo incêndio e ataque direto contra um autocarro em Santo António dos Cavaleiros, em Loures, durante a onda de tumultos gerada na Área Metropolitana de Lisboa pela morte de Odair Moniz, baleado por um agente da PSP no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, há cerca de um mês.

O cabo-verdiano Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois.

Nos tumultos que sucederam à sua morte, nos dias seguintes, foram incendiados mais autocarros, dezenas de automóveis e contentores do lixo, mas o ataque que deixou em estado grave o motorista é o mais grave em investigação.

Para além dos tumultos após a morte de Odair, aconteceu nos últimos meses a fuga da prisão Vale de Judeus, em Alcoentre, no concelho da Azambuja, que envolveu cinco reclusos, dois deles portugueses, já recapturados (Fábio Loureiro e Fernando Ribeiro Ferreira). Os restantes três, que continuam em fuga, são um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, um da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e um do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer.

Foram condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais.

Esta fuga levou o Ministério da Justiça a avançar com a instauração de nove processos, visando o ex-diretor, o chefe da guarda e sete guardas prisionais, uma decisão que resultou das recomendações do relatório elaborado pelo Serviço de Auditoria e Inspeção (SAI) da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).

Numa nota divulgada em outubro, o Ministério da Justiça destacou ainda a abertura de dois inquéritos autónomos: um relativamente ao comissário do estabelecimento prisional, pela “falta de concretização de uma medida de segurança e sobre uma situação de absentismo prolongado”, e outro à Direção dos Serviços de Segurança “para avaliar o seu funcionamento e a capacidade de resposta a situações desta natureza”.

Foi ainda emitida às entidades competentes certidão para apurar responsabilidades disciplinares em relação a militares da GNR sobre “as condições em que foram cedidas, sem autorização, as imagens de acontecimentos no estabelecimento prisional de Vale de Judeus à Comunicação Social.