O cessar-fogo, que dura há 42 dias, interrompeu 15 meses de combates na Faixa de Gaza, no quadro da ofensiva lançada por Israel depois de ter sofrido um ataque do Hamas, a 07 de outubro de 2023.

No ataque sem precedentes, os militantes do Hamas e de outros grupos radicais mataram cerca de 1.200 pessoas em Israel e raptaram mais de 250, levando-as para Gaza como reféns.

A retaliação militar israelita fez mais de 48.300 mortos em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde do enclave, liderado pelo Hamas, cujos dados a ONU considera fiáveis.

Sexta-feira, um dia antes do fim da primeira fase do acordo de cessar-fogo, o Hamas reiterou “total compromisso” de passar para a segunda fase e aplicar os termos acordados no texto, que prevê a libertação dos restantes reféns e o fim “integral” da guerra.

“Com o fim da primeira fase do acordo de cessar-fogo e de troca de prisioneiros, o Movimento de Resistência Islâmica [Hamas] afirma o seu total empenho em aplicar todos os termos do acordo em todas as suas fases e pormenores”, refere um comunicado divulgado nas redes sociais do grupo.

No comunicado, o grupo palestiniano apelou também à comunidade internacional para que “exerça pressão” sobre Israel para que Telavive aprove a segunda fase do acordo “sem hesitações nem evasivas”.

As tréguas permitiram trocar 33 reféns (oito dos quais mortos) por milhares de prisioneiros palestinianos, havendo ainda muito a fazer. Dos 251 reféns sequestrados, 62 continuam detidos em Gaza, incluindo 35 mortos, segundo o exército israelita.

Quinta-feira, o ministro da Defesa israelita, Israel Kazt, avisou que as tropas não se retirarão do corredor de Filadélfia, na fronteira de Gaza com o Egito, por considerar que é a via através pela qual o Hamas se pode rearmar. A retirada das tropas israelitas deste corredor é um compromisso, segundo o texto, para a segunda fase do acordo.

Segundo os termos do cessar-fogo, 150 doentes deveriam poder atravessar diariamente para o Egito, com três acompanhantes por cada doente, mas, até hoje, foram transferidos apenas 28 através da passagem de Rafah. O Ministério da Saúde do Hamas acusa Israel de atrasar a partida de muitos destes doentes.

Uma segunda etapa, planeada para começar no domingo, prevê o fim definitivo da guerra e a libertação dos últimos reféns mantidos na Faixa de Gaza, mas o acordo entre as partes permanece bastante incerta.

A terceira e última fase do entendimento será dedicada à reconstrução do enclave palestiniano, um projeto gigantesco estimado pela ONU em mais de 53 mil milhões de dólares (50,9 mil milhões de euros).

O Hamas afirmou-se já pronto para reiniciar conversações com Israel e que a única maneira de libertar os restantes reféns que conserva na sua posse seria um novo compromisso, tendo salientado que Israel não tem outra escolha a não ser iniciar as negociações para a segunda fase”.

As autoridades israelitas indicaram, por seu lado, que não pretendem retirar as suas tropas do corredor Filadélfia, a zona tampão de 14 quilómetros entre a Faixa de Gaza e o Egito, apesar de a saída estar estipulada no acordo de cessar-fogo com o Hamas.

O grupo armado palestiniano advertiu que qualquer tentativa israelita de manter uma zona tampão no corredor seria uma “violação flagrante” do acordo. Israel deveria começar a retirada dos seus militares do Corredor Filadélfia hoje e concluí-la em oito dias.