“Nenhuma ordem foi dada nesse sentido (…) este não é o nosso papel”, indicou o chefe de Estado numa conferência de imprensa.
Sobre as recentes mortes de emigrantes da América Central que atravessam o Rio Bravo do México para os Estados Unidos e se as forças mexicanas recorrerem à violência para impedir tais passagens, López Obrador reconheceu que “pode ter havido esses excessos, mas a instrução que todos têm é que respeitem os direitos humanos e isso vai continuar”.
“Se houve casos [de excesso de força], essa não é a instrução que eles têm. É um trabalho que em todo o caso corresponde aos agentes de emigração, não ao exército”, frisou.
O Presidente mexicano disse ainda que o assunto será revisto para alcançar um controlo efetivo da emigração, “mas respeitando os direitos humanos e abordando as causas”.
Uma foto divulgada pela agência noticiosa AFP no fim-de-semana junto à fronteira com os EUA suscitou uma vaga de críticas contra o Governo de Obrador.
O registo mostra duas mulheres, acompanhadas por uma rapariga, detidas por membros da Guarda Nacional no momento em que se preparavam para atravessar o Rio Bravo, que separa Ciudad Juárez, no México, da cidade de El Paso, nos Estados Unidos.
“Vamos examinar este caso para que nenhum abuso seja cometido”, referiu López Obrador acrescentando que o México deve “evitar qualquer confronto com o Governo dos Estados Unidos”.
Na segunda-feira o ministro da Defesa, Luis Cresencio Sandoval, anunciou que o México tinha deslocado cerca de 15.000 polícias e militares para a fronteira com os Estados Unidos no âmbito do acordo concluído com Washington para travar a entrada ilegal em território norte-americano.
Ao ser interrogado sobre a possibilidade de o exército e a Guarda nacional — que integra militares e polícias federais — não apenas intercetarem emigrantes durante a sua travessia em território mexicano, mas também proceder à sua detenção quando tentarem atravessar a fronteira com os Estados Unidos, o ministro confirmou essa disposição.
“Considerando que não é um crime, mas um delito administrativo, vamos deter essas pessoas e coloca-las à disposição das autoridades” migratórias, indicou o general Sandoval.
No final de maio, o Presidente norte-americano Donald Trump ameaçou impor taxas alfandegárias sobre todos os produtos mexicanos importados para os EUA caso o México não adotasse medidas para travar a vaga de emigrantes dos países da América Central que atravessam o país com o intuito de entrar em território norte-americano.
Em 07 de junho os dois países anunciaram um acordo. Além do envio de forças policiais e militares para as fronteiras do país, o México comprometeu-se a acelerar o regresso dessas pessoas ao país de origem.
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