Macron referiu-se às mudanças esperadas na política externa de Washington, com o regresso de Donald Trump à Casa Branca, especialmente no que diz respeito à guerra na Ucrânia, defendendo que é uma “oportunidade para uma chamada de alerta para a estratégia europeia”.

“O que faremos na Europa amanhã se o nosso aliado americano retirar os seus navios de guerra do Mediterrâneo? Se enviarem os seus caças do Atlântico para o Pacífico?”, questionou o chefe de Estado francês, durante o seu discurso de Ano Novo aos militares no Comando de Apoio Digital e Cibernético do Exército, sediado no oeste de França.

Trump criticou o custo da guerra na Ucrânia para os contribuintes norte-americanos através de grandes pacotes de ajuda militar e deixou claro que quer transferir mais carga fiscal para a Europa.

O magnata republicano prometeu pôr fim rápido ao conflito, manifestando a esperança de que a paz possa ser negociada dentro de seis meses.

Para Macron, França e Europa precisam de se adaptar às ameaças em evolução e aos interesses em mudança.

“Quem imaginaria há um ano que a Gronelândia estaria no centro dos debates políticos e estratégicos? É assim que é”, apontou.

O governante francês frisou ainda que fornecer apoio duradouro à Ucrânia é fundamental para que Kiev esteja numa posição forte ao envolver-se em futuras conversações de paz.

A Ucrânia deve receber “garantias” contra qualquer regresso da guerra ao seu território quando as hostilidades cessarem e a Europa deve “desempenhar o seu papel na íntegra” no processo, vincou.

O presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky adiantou na semana passada que discutiu com Macron sobre a possibilidade de tropas ocidentais serem enviadas para a Ucrânia para salvaguardar qualquer acordo de paz que ponha fim à guerra de quase três anos com a Rússia.

“Como uma dessas garantias, discutimos a iniciativa francesa de enviar contingentes militares para a Ucrânia”, explicou Zelensky.

O envio de tropas europeias como forças de manutenção da paz para a Ucrânia é um processo repleto de riscos, que pode não impedir a Rússia de voltar a atacar a Ucrânia no futuro, arrastando os países europeus para um confronto direto com Moscovo, levando a NATO, incluindo os Estados Unidos, a um conflito.

Donald Trump foi hoje empossado como o 47.º Presidente dos Estados Unidos, numa cerimónia no Capitólio em Washington que marca o seu regresso para um segundo mandato na liderança da Casa Branca.

A cerimónia em Washington foi marcada pela presença de políticos internacionais populistas e de extrema-direita, mas com poucos responsáveis governamentais e sem líderes da União Europeia, à exceção da primeira-ministra italiana, Georgia Meloni.

O político republicano foi Presidente entre 2017 e 2021, ano em que perdeu a reeleição para o democrata Joe Biden, a quem sucede agora no cargo.