O recurso constitucional, que pela primeira vez visa um chefe de Estado em exercício, pode levar à suspensão de Pedro Castillo.
“Não vou deixar o país e, como sempre dissemos, submetemo-nos a todo o tipo de investigação (…) sabemos que não existe uma base real”, disse Castillo, em conferência de imprensa, na terça-feira, quando questionado sobre se planeava procurar asilo noutro país.
“Estas acusações, que estão a ser feitas, são orquestradas, estão planeadas, e vamos continuar a lutar”, disse, sobre as investigações preliminares da Procuradoria-Geral peruana, numa acusação contra Castillo por alegadamente liderar uma organização criminosa.
O Presidente, que pouco antes tinha afirmado ter começado “a execução de uma nova forma de golpe de Estado” no Peru, insistiu na necessidade de “todas as acusações serem provadas primeiro”.
Castillo fez estas declarações horas depois de o Ministério Público ter anunciado que a Procuradora-geral, Patricia Benavides, tinha apresentado uma queixa constitucional no Congresso contra o chefe de Estado por alegadamente liderar uma organização criminosa no executivo, tráfico de influências e cumplicidade num alegado caso de corrupção.
Durante a manhã, o Ministério Público, com o apoio de uma equipa especial de polícia, também realizou buscas nos escritórios e nas residências de seis congressistas do partido centrista Acción Popular, alegadamente ligados a casos de corrupção, bem como na casa da irmã de Castillo.
Numa declaração publicada na rede social Twitter, Benavides escreveu: “estou a apresentar um recurso constitucional contra José Pedro Castillo Terrones, na qualidade de Presidente da República, como alegado autor de crimes contra a tranquilidade pública sob a forma de uma organização criminosa agravada pela sua qualidade de líder”.
O recurso abrange também dois ex-ministros de Castillo, no poder há 15 meses: Juan Silva, responsável pelos transportes e comunicações, e Geiner Alvarado, responsável pela habitação, ambos suspeitos de tráfico de influências e de pertencerem à alegada organização criminosa dirigida pelo presidente.
“Existem provas sérias da alegada existência de uma organização criminosa dentro do palácio presidencial com o objetivo de capturar, controlar e dirigir os processos de aquisição a fim de obter ganhos ilícitos”, disse Benavides, sublinhando ser “da exclusiva e total responsabilidade do parlamento decidir sobre o recurso constitucional no âmbito da Convenção das Nações Unidas sobre a Corrupção”.
O parlamento deverá analisar o recurso nos próximos dias, sendo necessário um mínimo de 66 votos em 130 para suspender Castillo, cuja aliança parlamentar de esquerda está a vacilar e tem apenas um terço dos deputados.
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