"Para evitar uma crise para a Romênia e seus cidadãos, deixarei o cargo" na quarta-feira, declarou num discurso em Bucareste.
No princípio, o mandato do chefe de Estado de 65 anos deveria terminar no final de 2024, mas a primeira volta das eleições presidenciais a 24 de novembro, vencido de forma improvável por um candidato pró-Rússia da extrema direita, foi anulado por suspeita de interferência russa.
Iohannis, um liberal e pró-Europa, decidiu então permanecer no cargo até as próximas eleições previstas para maio.
Desde então, dezenas de milhares de romenos saíram às ruas para denunciar "um golpe de Estado" e, após várias tentativas da oposição, o Parlamento deve reunir-se esta semana em sessão plenária antes de um possível referendo.
"Em poucos dias, o Parlamento romeno decidirá sobre minha renúncia e a Roménia mergulhará numa crise (...) com repercussões no país e, infelizmente, também além das nossas fronteiras", disse o presidente.
No poder desde 2014, o governante lamentou ter chegado a este ponto e garantiu que "nunca infringiu a Constituição".
O presidente do Senado e líder dos liberais, Ilie Bolojan, assumirá o cargo de presidente interino até às próximas eleições.
A extrema direita comemorou o anúncio da renúncia.
"Esta é a vossa vitória!", declarou o presidente do partido AUR, George Simion, no Facebook, em referência às recentes manifestações. "Agora é hora de retomar o segundo turno", completou.
O vencedor do primeiro turno, Calin Georgescu, crítico da União Europeia e da NATO e contra a qualquer ajuda militar à Ucrânia, ainda não reagiu ao anúncio.
As autoridades acusam-no de ter beneficiado de uma campanha de apoio ilegal na plataforma TikTok, sobre a qual a Comissão Europeia abriu uma investigação.
Na primeira volta das presidenciais romenas realizada em 24 de novembro, o candidato ultranacionalista Calin Georgescu venceu contra todas as probabilidades graças a uma campanha nas redes sociais, alegadamente apoiada pela Rússia, pelo que o sistema judicial romeno decidiu anular todo o processo eleitoral em 06 de dezembro.
Georgescu, a quem as sondagens davam uma intenção de voto de cerca de 6%, venceu a primeira volta das eleições presidenciais de novembro com 23% dos votos, à frente da candidata liberal-nacionalista Elena Lasconi (19%).
Posteriormente, os serviços de informações romenos (SRI) confirmaram que a campanha do candidato pró-russo foi apoiada por uma estratégia de interferência com o “‘modus operandi’ de um ator estatal”, numa alusão à Rússia.
Crítico da União Europeia (UE) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), bem como contrário a qualquer ajuda militar à Ucrânia, Georgescu contestou a anulação do escrutínio e interpôs vários recursos legais, incluindo um junto do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH).
Os incidentes em torno das eleições presidenciais provocaram uma crise institucional no país dos Balcãs e membro da UE onde, nas eleições legislativas, o partido social-democrata (PSD) ganhou, à frente do partido ultranacionalista AUR.
O PSD, liderado pelo primeiro-ministro Marcel Coliacu, está à frente desde finais de dezembro de um executivo de coligação com o partido liberal (PNL), o partido da minoria húngara (UDMR) e o grupo misto das minorias nacionais.
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