O geógrafo Jorge Malheiros, do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa, referiu que a "lógica probatória" da categoria de estagiário é falsa, porque na esmagadora maioria dos casos trata-se "do início da carreira".
Olhando apenas para as carreiras dos investigadores da sua instituição, verificou que alguns passaram anos como "assistentes convidados", figura que serve para investigadores de áreas exteriores a determinado curso, mas em funções docentes.
Além disso, os precários foram responsáveis por quase metade dos artigos, capítulos de livros e livros produzidos a partir do IGOT, notou, defendendo que a estabilidade só traria benefícios, desde logo porque os investigadores não teriam que "estar sempre a pensar no próximo concurso".
Defendeu que para haver mais estabilidade é preciso que "catedráticos, professores e a tutela" reconheçam o trabalho dos bolseiros precários, que a Fundação para a Ciência e Tecnologia, que organiza os concursos, colabore mais com as instituições de ensino superior e que dê "garantias claras" de que cumpre a sua parte, referindo que há financiamentos "a três ou quatro anos" que de que só chegaram 25 por cento no fim dos projetos.
A socióloga Maga Nico, do Centro de Investigação e Ciências Sociais e do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa, criticou "a coexistência de concursos e critérios" diferentes para a obtenção de fundos de investigação, desmontando a ideia de que os investigadores se devem contentar com a ideia de que "fazem aquilo de que gostam".
Essa ideia leva a que se ponha a felicidade pessoal acima de "condições de trabalho que devem ser comuns" aos investigadores, obtendo "retorno emocional e não financeiro".
"Está a abdicar-se de direitos de trabalho", afirmou.
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