A editora de livros infantis Puffin, parte da Penguin Random House, lançou uma grande polémica ao decidir analisar e sugerir alterações às obras de Roald Dahl, autor de "Charlie e a Fábrica de Chocolate" e "Matilda", entre outros livros infantis.
Em resposta às críticas que foram feitas, a editora decidiu lançar também uma coleção sem alterações, com 16 títulos que procuram reconhecer "a importância de manter os textos clássicos de Dahl impressos", como disse Tom Weldon, CEO da Editora, conforme adiantado pelo The Guardian. O objetivo é que a coleção seja lançada ainda este ano, dando aos leitores a "liberdade para escolher qual versão das histórias de Dahl é que preferem".
Francesca Dow, diretora executiva da Penguin Random House Children’s disse que a editora "ouviu o debate ao longo da semana passada" e "reafirmou o poder extraordinário dos livros de Roald Dahl e as questões muito reais à volta de como as histórias de outra era podem continuar relevantes para cada nova geração".
O objetivo da Editora era editar, cortar, alterar e acrescentar de acordo com as "sensibilidades contemporâneas", adaptando a linguagem em temas como o peso, a saúde mental, a violência, o género e a raça, como explicou o SAPO24.
O discurso de Camilla, a rainha consorte, na celebração do segundo aniversário do seu clube do livro em Clarence House, parece ter alimentado o debate. "Por favor, mantenham-se fiéis à vossa vocação, sem impedimentos daqueles que desejam restringir a vossa liberdade de expressão ou impor limites à vossa imaginação", disse a rainha consorte, como adiantou o The Guardian.
Entre as pessoas que se manifestaram diretamente contra a decisão editorial está Salman Rushdie, escritor que já ganhou o Booker Prize e o Booker of Bookers, que considerou a decisão uma "censura absurda". Laura Hackett, editora literária adjunta do The Sunday Times, comparou a decisão da editora a uma "cirurgia mal feita" e Suzanne Nossel, CEO da PEN America, organização de direitos humanos e liberdade de expressão, defendeu, por sua vez, que não se deve restringir o leitor de ler e reagir aos livros como eles foram escritos.
*Pesquisa e texto pela jornalista estagiária Raquel Almeida. Edição pelo jornalista António Moura Dos Santos.
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