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Numa entrevista à BBC, Keir Starmer não quis atribuir culpas pela discussão entre Donald Trump e Volodomyr Zelensky, na Sala Oval. Para o primeiro-ministro britânico estava "claro na minha mente" que Trump "quer uma paz duradoura", respondendo "sim" quando foi questionado diretamente se acreditava que Trump poderia ser confiável.
Zelensky também poderia ser confiável, acrescentou, mas não o Presidente russo Vladimir Putin. E, por isso, reforça a importância dos EUA na garantia de segurança para qualquer acordo de paz.
O primeiro-ministro reconheceu que uma garantia de segurança europeia teria de ser liderada por uma "aliança dos países disponíveis". "Os europeus levantaram-se nos últimos três anos", mas "geralmente, a Europa precisa fazer mais pela sua própria defesa e segurança", refere.
"Temos de ser claros sobre como seria uma garantia de segurança europeia [na Ucrânia]", continua, reforçando: "Temos de encontrar os países na Europa que estão dispostos a ser um pouco mais proativos".
Até agora, Starmer acredita que o Reino Unido e a França lideraram o pensamento da Europa sobre o assunto, mas acrescentou: "Quanto mais, melhor." A Primeira-ministra italiana Giorgia Meloni é mais uma força de liderança europeia "com uma mentalidade muito semelhante", destacou o primeiro-ministro britânico durante a receção em Downing Street, pouco antes do início da reunião.
Giorgia Meloni comentou com os jornalistas que "estamos todos muito comprometidos com um objetivo que todos queremos alcançar, que é uma paz justa e duradoura na Ucrânia." "Acho que é muito, muito importante que evitemos o risco de o Ocidente se dividir e acho que, neste aspecto, o Reino Unido e a Itália podem desempenhar um papel importante na construção de pontes."
A deputada britânica Kemi Badenoch, também entrevistada no programa da jornalista Laura Kuenssberg, apoiou o primeiro-ministro sobre a Ucrânia, mas disse que era importante manter os EUA envolvidos. "Precisamos de garantir que a América não se desliga, a paz é do seu interesse, e se todos nós formos arrastados numa escalada de violência, a América acabará por estar envolvida", disse à BBC.
Dirigindo-se aos espectadores, Keir Starmer instou todas as nações europeias a reverem os seus orçamentos de defesa e a "aumentar a capacidade e ter uma melhor coordenação, que não houve no conflito da Ucrânia."
O investimento na defesa europeia
Kemi Badenoch também repetiu o seu apelo para que o Reino Unido aumentasse os gastos com defesa, dizendo que deveria chegar a 3% da renda nacional até o final deste Parlamento.
Mais cedo nesta semana, o primeiro-ministro britânico anunciou que iria cortar o orçamento de ajuda externa para aumentar o financiamento da defesa de 2,3% para 2,5% da renda nacional até 2027, o que levou à demissão da sua Ministra de Desenvolvimento Internacional, Anneliese Dodds. A medida veio depois de Trump ter apelado aos aliados da NATO para aumentarem os gastos com defesa para 5% das respetivas rendas nacionais.
A França gasta 2,1% com defesa e comprometeu-se a dobrar esse valor até 2030.
Portugal está entre os sete países que gastam menos percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) em Defesa, e que ainda não atingiram o objetivo de 2% em despesas com as Forças Armadas. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, antecipou um ano, para 2029, a chegada a essa meta, escreve o Expresso.
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