“Nós consideramos que seria absolutamente inaceitável que, no último orçamento que o Governo vai apresentar no seu mandato, não venha a colocar esta questão já de forma quantificada e calendarizada. Queremos [lá inscrito] o princípio da abolição, com o desconto faseado”, afirmou Luís Garra, da União de Sindicatos do Distrito de Castelo Branco, uma das várias entidades que integram a Plataforma.
Este responsável falava minutos antes da marcha lenta realizada hoje ao fim da tarde na Covilhã, protesto que no início reuniu várias dezenas de pessoas e ao qual se foram juntando muitos outros automobilistas à medida que a marcha avançava pelas principais ruas desta cidade do distrito de Castelo Branco.
Nas declarações aos jornalistas, Luís Garra reiterou que a posição das entidades locais não é radical e que até se assume a possibilidade de o desconto ser implementado de forma progressiva, pelo que considerou que também “não há nenhuma razão para que o Governo não acolha esta pretensão”.
Por outo lado, garantiu que as ações de luta vão continuar, mesmo que surjam mais anúncios não oficiais que dão conta de eventuais descontos.
Numa referência às recentes notícias que referem que o Governo irá instituir um desconto de 30% para os transportes de mercadorias, os representantes das entidades que integram a Plataforma salientaram que a “aparente concessão” não é suficiente e sublinharam que não será assim que o Governo vai conseguir dividir os elementos a Plataforma ou os diferentes tipos de utilizadores das antigas Scut (vias sem custos para os utilizadores).
“Onde é que estão esses 30%? Eu não tenho nada que me garanta, ou que diga, que vai haver um abaixamento e quando”, apontou José Gameiro, presidente da Associação Empresarial da Beira Baixa, outra das entidades representadas.
José Gameiro frisou que “esse desconto não chega”, desde logo, por não abarcar todos os utentes e, depois, porque nem sequer se trata de uma medida de discriminação positiva para o Interior, dado que a maioria das transportadoras não estão sediadas na região.
Luís Veiga, do Movimento de Empresários pela Subsistência do Interior, vincou que o desconto anunciado também contribuirá para a ajudar a economia local, visto que só deverá abranger as transportadoras, deixando de fora as outras empresas.
O empresário ressalvou que nem as próprias entidades representativas do setor dos transportes estão satisfeitas com a proposta e lembrou que a Associação Nacional de Transportadoras Portuguesas manifestou esta semana apoio à Plataforma.
Reiterou ainda que a abolição das portagens no Interior é “uma questão de justiça”.
De resto, o apelo para que se faça justiça nesta matéria ficou bem patente pelo local escolhido para terminar o protesto: junto ao Tribunal da Covilhã.
A plataforma agendou novos protestos para os próximos dias 22 e 25, respetivamente em Castelo Branco e no Fundão.
A Plataforma de Entendimento para a Reposição das SCUT na A23 e A25 integra sete entidades dos distritos da Guarda e de Castelo Branco: Associação Empresarial da Beira Baixa, NERGA – Associação Empresarial da Região da Guarda, Comissão de Utentes da A25, União de Sindicatos da Guarda e de Castelo Branco, Associação de Empresários pela Subsistência do Interior e Comissão de Utentes da A23.
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