Bruno Pereira, um dos representantes desta plataforma que junta as estruturas representativas dos operacionais da PSP e da GNR, frisou hoje que deve haver uma “posição sólida e clara” dos partidos políticos para que “não fique a dúvida relativamente à forma como olham para os direitos dos polícias”.
O também presidente do Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia (SNOP) falava hoje aos jornalistas, à margem da cerimónia de assinatura do protocolo para a instalação e gestão científica, operacional e turístico-cultural do Centro Interpretativo do 25 de Abril, presidida pelo primeiro-ministro, António Costa, e que decorreu no Ministério da Administração Interna, em Lisboa, contando com protestos por parte dos polícias.
Bruno Pereira esclareceu que o objetivo não foi falar com o primeiro-ministro e que a presença na cerimónia foi simbólica, no âmbito da onda de protestos desta semana dos polícias por melhores condições de trabalho e salariais.
Os representantes, contou ainda, mantiveram uma “conversa rápida” com o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, a convite do governante, que transmitiu que apesar da luta dos polícias ser legítima, não pode vincular-se a qualquer promessa “tendo em conta o momento político”.
O ministro da Administração Interna já tinha referido hoje que o Governo “está a entrar numa fase de gestão e não tem condições” para dar respostas às reivindicações dos polícias, remetendo uma solução para um futuro Governo.
Perante a proximidade com as eleições legislativas, de 10 de março, o líder do SNOP considerou “mais do que legítimo” que os partidos se debrucem sobre os direitos dos polícias.
“Por isso é que temos programas de governo. (…) [Tal como] inscrevem nos seus programas as suas propostas eleitorais, como na saúde, na educação, na habitação e tantas outras, [devem] fazê-lo também relativamente à segurança”, apontou.
Bruno Pereira garantiu ainda que a plataforma que junta as estruturas representativas dos operacionais da PSP e da GNR fala “a uma só voz” e que esta endereçou hoje um pedido para reuniões com os partidos políticos, que pretendem que decorram em 26 de janeiro.
“Esperamos que todos os partidos políticos democráticos venham discutir esta temática para que todos, na mesma frequência, no mesmo plano, possam assumir a sua posição relativamente a esta questão”, acrescentou.
Os polícias voltaram hoje, pelo quinta dia consecutivo, aos protestos, numa iniciativa que começou com um agente da PSP em frente à Assembleia da Republica, em Lisboa, e está a mobilizar cada vez mais elementos da PSP e da GNR, bem como da guarda prisional.
A contestação dos elementos da PSP e dos militares da GNR teve início após o Governo ter aprovado em 29 de novembro o pagamento de um suplemento de missão para as carreiras da PJ, que, em alguns casos, pode representar um aumento de quase 700 euros por mês.
Estes protestos surgiram de forma espontânea e não foram organizados por qualquer sindicato, apesar de existir uma plataforma, composta por sete sindicatos da PSP e quatro associações da Guarda Nacional Republicana, criada para exigir a revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança.
Esta plataforma decidiu cortar totalmente as relações com o Ministério da Administração Interna.
Os protestos dos polícias estão a ser organizados através de redes sociais como Facebook e Telegram.
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