É oficial, Portugal está em Estado de Emergência até dia 2 de maio. O pedido de renovação que Marcelo Rebelo de Sousa enviou ao Parlamento foi aprovado. No entanto, o decreto de Presidente já contempla uma "abertura gradual, faseada" de serviços e empresas.
Segundo o chefe de Estado, esta "reativação gradual" poderá concretizar-se "com eventuais aberturas com horários de funcionamento adaptados, por setores de atividade, por dimensão da empresa em termos de emprego, da área do estabelecimento comercial ou da sua localização geográfica, com a adequada monitorização".
Em que é que isto se vai materializar na prática? Temos de esperar para saber. Cabe agora ao governo desenhar as linhas orientadoras deste novo período excecional.
No entanto, Costa já apontou para maio a possibilidade de as creches reabrirem e de os serviços da administração pública retomarem o atendimento presencial aos cidadãos, e garantiu abundância de materiais de proteção individual no mercado.
É a vida planeada a 15 dias de cada vez.
Vale então a pena recordar como em apenas 45 dias um vírus nos virou a vida do avesso, fazendo mais de 600 mortes pelo caminho. 45 dias? Sim, mas talvez os mais longos dias de que há registo nesta rotina que se esgota — no meu caso — em 90 metros quadrados.
Por cá, segundo o relatório da Direção-geral da Saúde hoje publicado, Portugal registou 629 óbitos por covid-19 e um total de casos confirmados que ascende a 18.841. Destaque porém para o aumento do número de pessoas que recuperaram: já são 493 — tendo este sido o dia em que se registam mais casos de recuperação em 24 horas (110). Também na conferência de imprensa de comentário à situação epidemiológica em Portugal se falou de uma descompressão das restrições.
Mas a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, deixa um alerta: não vai ser possível "recuar a 30 de dezembro de 2019". "Vamos ter de compatibilizar uma nova forma de estar na vida, que é voltarmos às nossas atividade gradualmente, como diz o decreto, mas ao mesmo tempo continuarmos a observar medidas de controlo de infeção", concluiu.
Lá fora duas despedidas de peso no dia de hoje: a covid-19 levou-nos Luis Sepúlveda e Lee Konitz.
Sepúlveda estava internado desde finais de fevereiro num hospital de Oviedo, em Espanha, onde foi diagnosticado com a doença. Os primeiros sintomas ocorreram quando esteve no festival literário Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim. Amigos e leitores recordam o "Querido Lucho".
Despeço-me com três sugestões de leitura:
- A primeira é de um artigo do António Moura dos Santos, um guia sobre como funcionam os testes de diagnóstico de covid-19 em Portugal. Simples, direto e esclarecedor. Para ler aqui.
- Siga em tom mais descontraído para uma visão de Abílio dos Reis sobre a forma como a "caixa mágica", que tanta companhia nos faz nos dias de hoje, se adaptou à pandemia.
- Finalizo com o artigo da Carolina Muralha que explorou a forma como Amesterdão está a aproveitar esta crise para repensar a forma como a cidade se desenvolve a nível económico e social. A aposta é "doce" e tem a forma de donut.
O meu nome é Inês F. Alves e hoje o dia foi assim.
Comentários