A contagem do número de feridos foi avançada pelos meios de comunicação locais pelas 01:00 de domingo locais (18:00 de sábado, em Lisboa).
A polícia indicou que quatro agentes ficaram feridos na marcha que juntou dezenas de milhares, em Yuen Long, perto da fronteira com a China, em protesto contra o ataque de domingo passado.
Em 21 de julho, homens encapuzados, vestidos de branco e munidos com bastões, investiram contra uma multidão, na sua maioria manifestantes que tinham participado num protesto na cidade. Pelo menos 45 pessoas ficaram feridas.
Nos confrontos deste sábado e já esta madrugada, a polícia antimotim, que destacou mais de três mil efetivos para a zona, lançou granadas de gás lacrimogéneo e granadas de borracha de 40 milímetros, uma munição não letal para controlo de massas, e disparou balas de borracha.
Em comunicado, divulgado durante a madrugada, a polícia disse ter usado “a força apropriada”, enquanto a organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional (AI) acusou as forças de segurança de “provocarem um aumento de tensão em vez de uma diminuição”.
O diretor da AI em Hong Kong, Tam Man-kei, considerou que “apesar de a polícia ter o direito a defender-se, observaram-se repetidamente ocasiões em que os agentes eram os agressores, batendo em manifestantes que estavam a retirar e atacando civis na estação de metro”.
Os 11 detidos são homens, com idades entre os 18 e os 68 anos, acusados de delitos como manifestação ilegal, posse de armas ofensivas, ataque a agentes e agressão.
De acordo com as leis do território, os participantes em manifestação ilegal podem incorrer em penas de entre três e cinco anos de prisão e numa multa de cinco mil dólares de Hong Kong (cerca de 600 euros).
Entretanto, o Governo de Hong Kong manifestou “profunda deceção” e afirmou que “no final da marcha, alguns manifestantes radicais atacaram violentamente os cordões policiais, vandalizaram um veículo policial e cortaram estradas”.
“O Governo condena energicamente que os manifestantes tenham perturbado a ordem pública e tenham infringido a lei deliberadamente. A polícia vai continuar a tomar medidas severas em relação a estes manifestantes”, acrescentou.
A polícia anunciou já que vai investigar “todos os atos ilegais e violentos”, ao mesmo tempo que garantiu “ser capaz e estar decidida a manter a lei e a ordem na sociedade, e de não tolerar qualquer ato violento”.
A manifestação de sábado foi mais um capítulo da contestação na rua, iniciada em junho contra as emendas à lei da extradição, entretanto suspensas.
Os manifestantes exigem uma resposta do Governo de Carrie Lam a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de junho e 01 de julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão da chefe do Executivo.
A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.
Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.
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