"Esta tragédia não nos vencerá e podemos e devemos renascer das cinzas qual fénix renascida", porque "estes momentos têm de ser momentos de oportunidades", disse em entrevista à Lusa o presidente da câmara do concelho onde morreram mais pessoas no incêndio que teve início em Pedrógão Grande no sábado e que se estendeu também com violência ao concelho de Figueiró dos Vinhos.
"Vamos pedir apoios" e o "Governo vai ter de olhar para estes três concelhos de outra forma", porque estes "concelhos ficaram completamente devastados", explicou o autarca.
Agora, o futuro, prometeu, deve passar pela revisão do ordenamento florestal e do território, de modo a que sejam dados "passos no sentido de ter uma floresta melhorada e um concelho mais ordenado".
Castanheira de Pera é um concelho com pouco mais de três mil habitantes que luta por sobreviver ao desemprego e ao despovoamento acelerado depois do fim das indústrias de lanifícios, nas décadas de 1980 e 1990.
A crise económica levou a autarquia a endividar-se para construir grandes empreendimentos turísticos, como uma piscina fluvial com ondas artificiais e um complexo turístico, denominado Praia das Rocas.
Hoje, o presidente da Câmara de Castanheira de Pera não desiste de combater o despovoamento, mas, para já, prefere agradecer o apoio das pessoas.
O apoio das populações “tem sido fundamental", disse, estendendo este "agradecimento sincero ao cidadão comum e anónimo" que ajudou, de várias formas, a ultrapassar estes "momentos de verdadeira dor" para os castanheirenses.
"Unimo-nos para defender esta terra" que "este povo que bem merece", disse Fernando Lopes, salientando que, nas primeiras horas do incêndio, foram os civis que se uniram para impedir mais danos.
"Quando o fogo veio de Pedrógão Grande, as pessoas é que tiveram de ser mesmo os bombeiros. Só muito mais tarde foram reposicionados os meios", recordou o autarca, salientando que o incêndio andou a uma "velocidade estonteante".
"Desde que me conheço como autarca e como pessoa nunca vi nada assim", disse Fernando Lopes, descrevendo o "cenário hediondo" do fim de semana.
"Perder uma pessoa é muito mau, perder esta gente toda é catastrófico", acrescentou o presidente da autarquia, anunciando que foram canceladas as festividades municipais de 04 de julho e decretado um luto de três dias.
Segundo Fernando Lopes, "não há nem disposição nem motivo para festas".
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