Número de vítimas aumenta para 63
O número de pessoas que morreram no incêndio florestal que deflagrou no sábado em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, aumentou para 63, disse hoje o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses. O bombeiro, que pertencia à corporação de Castanheira de Pera, era casado, tinha 40 anos e um filho.
Jaime Marta Soares disse que se trata de um bombeiro que se encontrava hospitalizado em Coimbra.
Visivelmente emocionado, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses explicou que a vítima mortal tinha sido internada com ferimentos no rosto e queimaduras nas vias aéreas, adiantando ainda que era um dos bombeiros que se deslocava numa viatura no Itinerário Complementar 8 (IC8) que colidiu com um veículo ligeiro de civis e que tentaram salvar a vida dos outros, dando a própria vida.
Marcelo Rebelo de Sousa já lamentou a morte do bombeiro de Castanheira de Pera e vai visitar a sua corporação no final do dia para o homenagear. Este bombeiro “morreu em serviço do seu país, de todos nós”, afirmou o Presidente da República durante uma visita ao posto de comando da serra de São Macário.
Horas antes, Luís Meira, presidente do INEM, indicou que, dos 135 feridos. Com esta atualização, o número de feridos é de 134, seis em estado grave: quatro bombeiros voluntários e dois civis.
A maior parte dos feridos são ligeiros, tendo 28 necessitado de recorrer ao hospital. Os restantes receberam assistência no local.
Segundo Luís Meira, os psicólogos do INEM, apoiados por profissionais da Cruz Vermelha Portuguesa, autarquias e Proteção Civil, realizaram 354 intervenções.
No local encontram-se 32 elementos do INEM, apoiados por dez viaturas.
Cidadão francês entre as vítimas mortais
Um cidadão francês está entre as vítimas mortais do incêndio florestal que deflagrou no sábado no Pedrógão Grande, distrito de Leiria, e que provocou a morte a 63 pessoas, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês em comunicado.
“É com profunda emoção que soubemos do pesado balanço dos incêndios”, lê-se no comunicado, divulgado na página internet do ministério.
“Um dos nossos compatriotas morreu nesses incêndios. O centro de crise em Paris e a nossa embaixada em Lisboa estão mobilizados para dar todo o apoio necessário aos familiares, a quem manifestamos total solidariedade”, acrescenta o texto, que reitera a disposição de Paris para dar “todo o apoio” a Portugal.
O comunicado não identifica a vítima.
Falando aos jornalistas às 13:00, no segundo balanço do dia sobre os fogos florestais que lavram nos três distritos, Constança Urbano Sousa explicou que até ao momento tinham sido identificadas 24 vítimas mortais, trabalho esse que está a ser feito pelo Instituto de Medicina Legal e adiantou, na altura, que não havia nenhuma vítima de nacionalidade estrangeira.
“Há um trabalho todo de identificação que está a ser muito acelerado. Existem vitimas que é mais fácil a sua identificação e outras que existem outro tipo de testes mais complementares, mas penso que é um trabalho que está a decorrer com celeridade e em breve estará concluído”, afirmou.
A ministra explicou que as equipas só podem progredir no terreno se tiverem condições de segurança porque a prioridade número um é a salvaguarda de vidas humanas.
Situação mantém-se difícil mas combate às chamas está a decorrer de forma favorável
O comandante operacional da Proteção Civil disse hoje, no primeiro balanço do dia dos fogos florestais que lavram nos distritos de Leiria, Castelo Branco e Coimbra, que a situação se mantém difícil mas que o combate às chamas está a decorrer de forma favorável.
Elísio Oliveira admitiu, contudo, a possibilidade de novas complicações no combate às chamas, uma vez que os meios aéreos não estão de momento a operar, devido às condições atmosféricas. Em causa está a falta de visibilidade no local.
“É uma situação que se mantém difícil, mas começamos por valorizar o empenho de todos os combatentes. O combate evolui favoravelmente nos três distritos afetados, Coimbra, Leiria e Castelo Branco. Muitos dos setores deste teatro de operações já estão dominados, muitos deles em fase de rescaldo […]”, afirmou Elísio Oliveira.
“O esforço que tem vindo a ser feito é no sentido de o mais rapidamente possível dominar este incêndio", concluiu.
Questionado sobre a avaliação que faz destes incêndios, o comandante salienta que é "um cenário muito difícil, uma área de atuação muito complexa", pelo que o trabalho é "moroso" e requer tempo.
Marcelo evita “mais frentes” que não o combate ao fogo e o apoio às vítimas
O Presidente da República apelou hoje à concentração no combate ao fogo, que ainda lavra na região centro de Portugal, e no apoio às vítimas, sem atender a “mais frentes” como as causas ou meios empregados no terreno.
“Neste momento, há uma prioridade, a do combate ao incêndio, do apoio aos familiares das vítimas, do apoio às vítimas não mortais, naquilo que sofreram e sofrem. Já temos muitas frentes pela frente. Não vamos juntar mais frentes neste momento. Esse tipo de considerações, neste momento, é juntar frentes a um combate que já é difícil. Tudo tem um momento na vida”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado falava aos jornalistas no centro de comando da Proteção Civil, em Avelar (Ansião, distrito de Leiria), e foi questionado sobre as dúvidas na origem, causas e meios humanos e materiais empregados na zona de Pedrógão Grande no combate ao incêndio, com diversas frentes, ativo desde sábado.
“O que está a ser feito está a sê-lo com critério e organização, mas há a noção de que as próximas horas – esperemos que não muitos mais dias – serão ainda de desafio, combate, luta. Estabilizou, neste momento, o número de vítimas mortais, em termos muito elevados, uma tragédia quase sem precedentes no Portugal democrático”, continuou.
Marcelo Rebelo de Sousa vincou que a “prioridade nacional é a de, em conjunto, enfrentar este desafio, que é o que está a ser feito”.
O Presidente da República e antigo líder do PSD louvou com as declarações do líder da oposição, o social-democrata e ex-primeiro-ministro Passos Coelho, que disse momentos antes que “as pessoas quererão saber, têm o direito a saber, a explicação para que isto tivesse acontecido”, mas “este ainda não é o momento”, após uma reunião com o presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil.
“Começa agora, de forma crescente, uma outra fase, quando a primeira ainda não terminou, que é a de acolhimento e reinserção comunitária”, anteviu Rebelo de Sousa, prometendo “uma palavra àqueles que sofrem mais” e ir “ouvir o que vai no coração das pessoas”.
O chefe de Estado deverá deslocar-se aos locais afetados pelos incêndios nos distritos de Leiria, Coimbra e Castelo Branco: Penela, Alvaiázere, Góis e Cernache do Bonjardim (Sertã).
“Naquele momento, naquelas condições, com o que se sabia e até onde se podia chegar, estava a fazer-se o melhor dentro do que era possível. Não era possível ir mais longe. Onde se era possível chegar com aqueles meios tinha-se chegado e estava-se a chegar”, descreveu Rebelo de Sousa sobre as primeiras horas das ocorrências.
O Presidente da República revelou ainda que o seu homólogo brasileiro disponibilizou meios aéreos para o combate às chamas, mas o chefe de Estado comunicou que Portugal já tem aeronaves no terreno, inclusivamente dos vizinhos países europeus, mas que as mesmas não conseguem intervir devido às más condições de visibilidade.
Dez meios aéreos e mais de 1.100 bombeiros combatem fogo em Pedrógão Grande
De acordo com a informação divulgada na página na Internet da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC), o incêndio que envolve mais recursos no terreno é em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, que deflagrou na tarde de sábado, encontrando-se a ser combatido por 1.124 operacionais, 352 viaturas e dez meios aéreos.
O Governo decretou três dias de luto nacional, até terça-feira.
Bombeiros apelam à suspensão de doações. Saiba como ajudar
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses apelou esta segunda-feira, 19 de junho, à população que suspenda, por enquanto, a dádiva de bens alimentares e medicamentos, na sequência do incêndio que deflagrou sábado em Pedrógão Grande, por terem já “todos os ‘stocks’ lotados”. Continuam abertas as contas e linhas solidárias. Veja como pode ajudar nesta fase e, pelo contrário, se precisa de ajuda, saiba a quem recorrer.
[Notícia atualizada às 17h00]
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