Na localidade do Troviscal, perto da Estrada Nacional 349 onde ocorreram as mortes causadas pelo fogo, um grupo de moradores ainda fala da tragédia e chora a morte de muitos que tentavam fugir às chamas.
"Isto foi a morte que saiu à rua" aqui, "olhe para ali, é uma desgraça e os corpos já foram retirados", diz Maria dos Anjos, 90 anos.
"As pessoas entraram em pânico e quiseram fugir. Era muito fogo e muito vento", diz António, outro morador da zona.
Na estrada são visíveis os destroços dos veículos e perto deles ainda trabalhavam equipas da Polícia Judiciária, responsável pela peritagem dos casos.
Alguns carros ainda tentaram fugir pelas bermas, embatendo em árvores, num cenário de destruição completa dos veículos.
Um carro dos bombeiros de Castanheira de Pera estava também destruído e os cinco bombeiros estão internados, dois deles em estado grave, segundo a vice-presidente da Câmara, Ana Paula Neves.
"Foi um carro que embateu neles e por sorte escaparam", explicou a autarca.
Os vários reacendimentos tornam a circulação ainda insegura, uma situação agravada pela grande quantidade de árvores e ramos estendidos no alcatrão.
Os postes de eletricidade, grande parte em madeira, estão também derrubados, alguns ainda a arder em lume brando e os cabos estendidos nas estradas explicam as razões para a falta de comunicações na zona.
"Nem telefone nem telemóvel e os pombos-correio já fugiram também. Estamos aqui esquecidos para mais uma noite de terror", lamentou Maria dos Anjos, sentada no banco de cimento enquanto olha para o norte, onde ainda lavra uma frente de chamas ainda ativa, já perto do concelho de Penela.
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