Nas alegações finais de cada moção, o número dois da lista à Mesa Nacional da moção ‘A’, encabeçada por Mariana Mortágua, defendeu que a maioria absoluta parlamentar “só cai por responsabilidade própria” e deixou duras críticas ao ministro das Infraestruturas, João Galamba.
“Vai bem um país que tem um ministro como João Galamba? Imaginem o que é que deve acontecer de manhã: ele levanta-se, vai até ao espelho e pergunta: espelho meu, espelho meu, há ministro mais incompetente do que eu? E o espelho cala-se com vergonha”, afirmou.
O líder parlamentar do BE questionou que “se o país vê isto, porque é que António Costa não vê isto?”.
“E a resposta é simples e óbvia: não vê porque lhe interessa o carnaval em que está agora criada a política portuguesa, desvia as atenções do que é essencial e permite que ele até se faça diferente da direita quando governa como a direita”, acusou.
Num discurso em que defendeu a posição do partido face ao conflito na Ucrânia – questão que divide as duas moções e gerou algumas divergências internas – Pedro Filipe Soares elogiou Catarina Martins e manifestou o seu apoio a Mariana Mortágua.
Pedro Filipe Soares avisou ainda que “vem aí bom tempo nas ruas” e mostrou que o partido esteve e estará presente em várias manifestações, seja dos professores ou pela habitação.
“Quando nos perguntaram também: mas o bloco agora vai voltar à rua? A resposta a esta pergunta também é obvia: mas qual é o sangue que nos corre nas veias?”, afirmou.
Sobre o lema da "vida boa", usado pela moção encabeçada por Mariana Mortágua, Pedro Filipe Soares respondeu a quem diz que "é uma abstração, não diz nada"
"Podiam dizer 'isso é poesia' ou 'isso é uma utopia'. Mas o que é o socialismo senão uma utopia que nos faz sair à luta todos os dias? É este o partido dessa utopia", afirmou.
Quanto a questões internas, Pedro Filipe Soares considerou que o tópico da guerra na Ucrânia não é o único que dividia as moções 'A' e 'E' - a dos críticos à direção - mas também "questões de cultura do partido".
"Quando uma voz no parlamento ucraniano em Kiev disse ao presidente do parlamento ucraniano que havia três coisas que deviam ser valorizadas: a solidariedade do povo português para com o povo ucraniano; que mesmo a guerra não pode impedir o livre exercício de direitos cívicos e políticos; e que era preciso calar as bombas e defender uma conferência pela paz, essa voz foi a de Isabel Pires, ela representou-me, ela representou-nos a todos", defendeu, depois de se terem ouvido críticas à deputada que integrou a delegação portuguesa ao parlamento ucraniano em maio.
"Eu achava que sobre estas três ideias tão fortes não devia haver sequer discussão neste partido mas pelos vistos há. A forma como se discutiu estas ideis também revela muito sobre a cultura [do partido]. Neste partido as decisões são coletivas, não se aponta o dedo a uma ou a um dizendo que ela é a culpada. Não, aqui são coletivas, há uma direção que assume a responsabilidade, um grupo parlamentar e é coletiva essa nossa cultura, o coletivo", salientou.
Isto não quer dizer, salientou, que o partido considere que "a individualidade se esbate no coletivo", distinguindo-se de outras esquerdas, mas considera "que a responsabilidade corresponde ao coletivo".
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