Em entrevista à agência Lusa, o membro do Comité Central comunista defendeu a necessidade de contrariar a predominância da “todo-poderosa” Alemanha em Bruxelas, sede da UE, para defender os interesses destes países porque as instituições europeias têm posto “um trinca-espinhas a combater com um Hércules, sem regras nenhumas”.
“A única coisa que posso dizer é que são bem-vindos todos aqueles que se aproximam e convergem na mesma opinião”, defendeu.
“Aquilo que me interessa é o interesse do país, não é o interesse partidário, porque creio que não temos saída neste quadro”, sublinhou, referindo-se a uma recente entrevista da líder do BE, Catarina Martins.
A coordenadora bloquista afirmou ao jornal Público que o país deve estar preparado para uma eventual saída do euro depois de a bancada do BE, em outubro de 2014, se ter abstido no parlamento face a uma iniciativa do PCP no mesmo sentido.
Os comunistas têm vindo também a defender a promoção de uma conferência intergovernamental ao nível europeu para debater os problemas enfrentados por países como Portugal em relação à moeda única, dívidas soberanas e tratados diversos, encontro semelhante ao realizado no dia 28 de janeiro entre os sete países do sul da Europa, em Lisboa, e que teve o primeiro-ministro português como anfitrião.
“Aquilo que há é a realidade e as dificuldades. O que vemos é um conjunto de países periféricos que sofreram as consequências do euro, que a crise veio acelerar e acentuar e foram sujeitos a programas de resgate que não resolveram nenhum problema a nenhum país”, insistiu.
Porém, “o PS é favorável a que Portugal se mantenha no euro, o PSD e o CDS também”, logo, “do ponto de vista partidário, há uma maioria política favorável à manutenção” e “não se está a ver, do ponto de vista político, que isto se coloque, mas a situação pode-se alterar”, continuou Carvalhas.
“É a mesma coisa que pôr um trinca-espinhas a combater com um Hércules, sem regras nenhumas — ‘o que é preciso é dar aos dois as mesmas condições’ (…). É isto que é o livre cambismo entre países com estruturas económicas extremamente desiguais”, criticou, sobre as dificuldades enfrentadas por países menos poderosos na “supostamente solidária” União Europeia.
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