“A atitude da empresa para com esta unidade de produção é a mesma que tem com as suas garrafas de tara perdida”, lamenta o PCP.
O Super Bock Group (antiga Unicer) anunciou, na sexta-feira, que vai encerrar em fevereiro o centro de produção do Caramulo, onde trabalham 26 pessoas e que se dedica às águas lisas.
O PCP sublinha que a importância económica e social da laboração da unidade “para aquele território de baixa densidade, tão severamente ‘castigado’ por catástrofes e ostracismo político”.
“O que significam no grupo 26 postos de trabalho, num universo de mais de 1.300”, questiona.
Segundo o PCP, “a alternativa ao despedimento coletivo pelo encerramento da unidade de produção que a Super Bock deixa aos trabalhadores é a deslocalização para Castelo de Vide, no Alentejo”.
A empresa justifica a decisão com “a quebra significativa de volumes ao longo dos anos, considerando a baixa procura pela marca nos mercados externos e interno”.
Existe “uma tendência de queda de volumes da marca ao longo desta década - na ordem dos 50% -, encontrando-se a produção atual em cerca de um terço da capacidade total desta unidade”, adiantou o grupo.
Mas, de acordo com o PCP, “os trabalhadores contrapõem a esta argumentação a atitude deliberada da empresa de desvalorização e falta de promoção da marca Água do Caramulo em detrimento de outras que comercializa, por ter decidido, há muito, encerrar esta unidade ‘metida no meio da serra’”.
“Não podemos esquecer que o Super Bock Group é a principal empresa de venda de cerveja, águas e refrigerantes no país, investindo largos milhões de euros no patrocínio de vários festivais de música e de clubes de futebol da primeira liga, pelo que a justificação da queda de volume de vendas da Água do Caramulo para legitimar o anúncio de encerramento não colhe”, considera.
No entender do PCP, “o lucro a qualquer preço para distribuição de dividendos pelos acionistas sobrepõe-se à política de responsabilidade social a que está obrigada, de compromisso com o desenvolvimento das zonas onde explora os recursos naturais”.
“Esta decisão de encerramento é tanto mais estranha quanto o grupo investiu numa nova linha de engarrafamento recentemente”, acrescenta.
Neste âmbito, o PCP promete “de imediato desencadear todos os mecanismos legais para apoiar a defesa dos postos de trabalho e a manutenção da laboração no Centro de Produção das Águas do Caramulo”.
O partido reitera que o distrito de Viseu “necessita de apoios estruturantes que promovam o aproveitamento dos seus recursos endógenos e potencialidades naturais, construindo, desse modo, bases sólidas de desenvolvimento que conduzam à criação de postos de trabalho, melhores condições de vida e fixação de pessoas e não discursos e declarações inócuas de amor indefetível pelo interior”.
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