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"Ninguém fala ilegalidade, mas fala-se em suspeições, há aqui muito ruído", começou por afirmar o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, em entrevista à SIC Notícias.
Retomando a declaração e as explicações de Luís Montenegro, Paulo Rangel sublinhou que Luís Montenegro "já não está na empresa e portanto não podia divulgar dados sobre as empresas clientes - é uma discussão ociosa".
"A transparência não pode ser pornografia", defendeu. "Há aqui um voyeurismo que, do meu ponto de vista é injustificado, o que não quer dizer que não tivesse de haver um conjunto de explicações, como houve".
Considerando que a questão inerente à empresa que Luís Montenegro passou para o nome da empresa "está mais do que esclarecida", Paulo Rangel considerou que o que está agora em causa é "um tema de validação política". Criticando a posição do PS - "a única vez que vi o líder do Partido Socialista a falar mais do que o líder do Chega foi nos últimos quatro ou cinco dias, portanto estava muito entusiasmado com o assunto" - Paulo Rangel disse que o mais importante foi "o repto" do primeiro-ministro sobre se tem ou não condições de continuar.
Questionado sobre a plausibilidade de um primeiro-ministro ter rendimentos privados, Paulo Rangel começou por comparar com a possibilidade de haver um governante com apartamentos arrendados oun ser sócio de um restaurante. "O que o primeiro-ministro fez foi retirar-se da empresa assim que chegou a líder do PSD, não quando chegou a primeiro-ministro". Concluindo que ter rendimentos é "perfeitamente lícito".
Sobre as consequências das declarações de Luís Montenegro, nomeadamente no que se refere ao condicionamento mediante moção de confiança aos partidos com assento parlamentar, o dirigente e governante do PSD afirmou que "tendo em conta que ele [Luís Montenegro] considera que tudo está explicado e que continua a haver uma enorme pressão política, os partidos da oposição têm de dizer se têm confiança ou não no Governo para ele continuar. Não é um jogo político perigoso, o que nós não podemos fazer é andar a brincar aos governos. O primeiro-ministro e todos nós que estamos neste governo estamos a levar a sério a nossa missão e com grandes resultados e não podemos andar a criar esta instabilidade, sobretudo numa altura com a instabilidade internacional que existe".
"Vir fomentar a instabilidade, como estão a fazer os partidos da oposição, têm de clarificar. Se querem que o Governo governe, deixem-no governar, se não querem, assumam as consequências", rematou.
"Os partidos têm de tomarb uma posição, e nomeadamente um partido, o PS, tem de esclarecer se é pela estabilidade política ou pela instabilidade política. Pedro Nuno Santos tem de esclarecer de que lado é que está".
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