A Reviravolta: a queda de Sócrates. Como uma moção mudou o rumo de Portugal

Em 2011, o PSD apresentou uma moção de censura ao governo de José Sócrates que teve o apoio de todos os partidos da oposição. Esta moção surgiu na sequência do quarto pacote de austeridade (PEC IV), proposto pelo governo para responder à crise económica e financeira, que foi rejeitado pelo Parlamento. Como consequência direta, José Sócrates demitiu-se do cargo de Primeiro-Ministro, o que levou à queda do governo e à convocação de eleições legislativas antecipadas em junho de 2011. Esta crise política contribuiu para o pedido de ajuda financeira externa por parte de Portugal, que resultou num resgate de 78 mil milhões de euros acordado com a troika (FMI, BCE e Comissão Europeia).

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Os dois Governos de José Sócrates resistiram a seis moções de censura ao longo de seis anos, de 2005 a 2011. Duas do CDS-PP, duas do Bloco de Esquerda e mais duas do PCP/CDU. Revisitando tempos de grave crise económica e conturbação política, Francisco Sena Santos lembra o momento em que o primeiro-ministro socialista acaba por sair do Parlamento, em 2011, no terceiro episódio do podcast A Reviravolta: moções que derrubaram governos.

Ao ver rejeitado o plano de sobrevivência - o PEC (Plano de estabilidade e crescimento), chumbado por todos os deputados da oposição, o governo de Sócrates começa a ficar mais vulnerável à resistência. À data, o socialista reclamava que estava a ser atacado por uma coligação negativa de forças políticas, que não o deixavam governar, mesmo em situação eminente de bancarrota.

Então, Portugal precisou de ajuda internacional para ultrapassar os catastróficos números das contas públicas, o que resultou em novas políticas de austeridade da Troika, que deixam marcas até hoje. Sócrates conseguiu, assim, dividir o próprio PS, com a ala mais à esquerda a intitulá-lo 'neo-liberal'. Mas apesar dos conflitos internos, manteve-se no poder até 2011, sem maioria absoluta.

A votação do último Orçamento de Estado, o mais severo de todos, marcou o início do fim. As reformas sociais levadas a cabo entre 2005 e 2009 não foram suficientes e a esquerda, como antes a direita já o tinha feito, revoltou-se contra o governo, e nas ruas, antecipou os escândalos que mais tarde levariam à queda do XIX Governo Constitucional.

A primeira temporada de A Reviravolta focou-se em momentos que mudaram eleições, em três momentos específicos na relação entre a esquerda e a direita e pode ser ouvida aqui.

Recordemos que por essa altura o SAPO24 se focou no duelo entre Ramalho Eanes e Soares Carneiro, em 1980, no histórico embate entre Mário Soares e Freitas do Amaral e, uma década depois, o fim da maioria absoluta de Cavaco Silva. Como três momentos em cada uma destas eleições decidiram o futuro da política e do país.

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A Reviravolta é um podcast com produção e ideia original da MadreMedia. A pesquisa, texto e voz é de Francisco Sena Santos.