As críticas e os avisos foram feitos hoje à tarde durante uma sessão plenária onde se discutiram iniciativas legislativas do PAN, PCP, Verdes e BE, que recomendam ao Governo melhorias nos serviços da Transtejo e da Soflusa, empresas que fazem a ligação fluvial da Margem Sul a Lisboa.
Os projetos de resolução resultam de uma petição lançada pela Comissão de Utentes dos Transportes do Seixal, que reuniu 4.678 assinaturas, e que aponta para problemas como a de supressão constante de carreiras e da redução de horários.
Face a isto, os peticionários exigem que o Governo leve a cabo “um conjunto de medidas que respondam às necessidades de repor a qualidade do serviço de transporte fluvial, assim como uma política de mobilidade que aposte no transporte regular com horários alargados”.
A Transtejo assegura as ligações fluviais entre o Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão e Lisboa, enquanto a Soflusa é responsável por fazer a ligação entre o Barreiro e Lisboa.
O primeiro a intervir na discussão foi o deputado do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), André Silva, que defendeu a necessidade de serem tomadas “medidas urgentes”, nomeadamente a assinatura de um novo contrato de serviço público de transporte entre a Transtejo e o Governo.
“É preciso contratar mais profissionais e investir na sua formação, bem como elaborar um plano estratégico de intervenção que inclua investimento ao nível da requalificação das instalações, pontões e frotas e aquisição de novas embarcações”, apontou.
No mesmo sentido, o deputado do PCP Bruno Dias afirmou que o Governo “deve agir de forma concreta, sem mais perdas de tempo, e de forma urgente”.
“Não podemos ficar à espera dos navios que hão de chegar daqui a três ou quatro anos”, observou, referindo-se à chegada prevista, até 2022, de 10 novos navios para reforço da frota da Transtejo.
Em janeiro deste ano, o Governo anunciou um investimento de 57 milhões de euros para a aquisição dos barcos e mais de cerca de 33 milhões para manutenção.
A esse propósito, o deputado do Bloco de Esquerda Heitor de Sousa considerou que “a medida é coxa” e que os 10 novos barcos “não irão dar resposta aos problemas que existem”.
“São 10 navios que visam substituir uma parte da frota que está envelhecida, nomeadamente da Transtejo, mas que não dá resposta às restantes 15 embarcações que continuam ao serviço da Transtejo e da Soflusa”, afirmou o deputado bloquista.
Também o PSD, por intermédio do deputado Carlos Silva, realçou o facto de em 2018 se terem registado 2.500 queixas contra o serviço prestado pela Soflusa e Transtejo, considerando que esta degradação está a criar “um muro intransponível entre as margens norte e sul do Tejo.
“O transporte fluvial no Tejo é um fator chave para o desenvolvimento da região. Deve constituir uma avenida estrutural para a mobilidade diária e não um muro intransponível que os cidadãos enfrentam diariamente”, sublinhou.
A necessidade de ser melhorado o serviço prestado pela Transtejo e pela Soflusa foi, igualmente, realçado pelo deputado do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) José Luís Ferreira, que considerou tratar-se de uma empresa “estruturante a nível da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa (AML).
Já o CDS-PP, pela voz de Helder Amaral, pôs em causa a legitimidade de PCP, BE e PEV se queixarem do estado de degradação do serviço prestado pela Transtejo e Soflusa, uma vez que são partidos que suportam o atual Governo.
“É preciso ter lata para que em vez de um pedido de desculpa formal aos utentes apresentem projetos de resolução. Ter lata de escrever isto depois de quatro orçamentos aprovados é uma falta de vergonha. Isto é um simulacro de oposição?”, questionou, de forma irónica, o deputado centrista.
Já o deputado socialista André Pinotes Batista destacou na sua intervenção o investimento já anunciado pelo Governo para reforço da frota e manutenção.
Estas iniciativas legislativas sobre as melhorias nos serviços da Transtejo e da Soflusa vão ser votadas na sexta-feira, em sessão plenária.
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