Num discurso em Londres, Watson argumentou que “não existe um bom acordo de saída” da União Europeia e propôs que o ‘Labour’ “defenda claramente a permanência” na UE num potencial referendo.

“A única maneira de romper o impasse do ‘Brexit’ de uma vez por todas é uma votação pública num referendo. Umas eleições nacionais podem falhar em resolver o caos do ‘Brexit'”, afirmou o vice-líder do principal partido da oposição.

Esta estratégia é diferente da apresentada na terça-feira por Jeremy Corbyn, durante a conferência da confederação sindical do Trades Union Congress (TUC), segundo a qual os trabalhistas negociariam um acordo para o “Brexit” e só depois convocariam um referendo.

Esta “votação pública”, como lhe chama o líder trabalhista, teria como opção um acordo “credível” negociado com Bruxelas ou a permanência do Reino Unido na UE.

Porém, Corbyn não foi claro qual será a posição oficial do partido caso venham a realizar-se eleições legislativas antes de um potencial referendo.

“A nossa prioridade é, primeiro, impedir uma saída sem acordo, e depois desencadear umas eleições nacionais”, vincou o líder trabalhista.

O Partido Trabalhista inviabilizou por duas vezes, abstendo-se, as propostas do Governo no parlamento para realizar eleições antecipadas a 15 de outubro, alegando desconfiar das intenções do primeiro-ministro, Boris Johnson.

“Ninguém pode confiar na palavra de um primeiro-ministro que está a ameaçar violar a lei para forçar uma saída sem acordo. As eleições nacionais vão acontecer, mas não permitiremos que Johnson dite as condições”, acrescentou.

O Governo, que perdeu a maioria no parlamento após a deserção e expulsão de vários deputados, pretendia ganhar um mandato dos eleitores para assegurar a saída do Reino Unido da União Europeia, na data prevista de 31 de outubro, com ou sem acordo.

A posição do Partido Trabalhista deverá ser afinada durante o seu congresso anual, que se realiza entre 21 e 25 de setembro em Brighton.

A ambiguidade que manteve até agora foi uma das razões apontadas pelos eleitores para votar noutros partidos a favor ou contra o ‘Brexit’ nas eleições locais e europeias de maio, favorecendo o Partido do Brexit, do eurocético Nigel Farage, e os pró-europeus Liberais Democratas.

Estima-se que um terço dos seus militantes tenha votado a favor do ‘Brexit’ no referendo de 2016, embora a maioria dos deputados e bases tenha feito campanha e prefira permanecer na UE.