“Todos os dias recebo chamadas de médicos que já emigraram, pretendem emigrar ou daqueles que vão trabalhar no setor privado. E o motivo tem a ver com uma questão central que são as condições de trabalho, que envolvem vários fatores que podem determinar a continuidade ou não das pessoas no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, afirmou Miguel Guimarães à agência Lusa.
Um dos principais fatores, segundo o bastonário, é a carreira médica, que implica uma progressão e também um correspondente aumento remuneratório, que tem estado “praticamente congelado”.
“Nos últimos anos a carreira médica não te tido aplicação prática”, declarou o representante dos médicos, apelando ao ministro da Saúde para fazer uma reforma, um reforço e uma aplicação prática da carreira médica.
Miguel Guimarães entende que a carreira médica é essencial, nomeadamente para que os jovens especialistas possam ficar no SNS.
Como exemplo da falta de aplicação da carreira médica, o bastonário apontou o caso do concurso hospitalar para médicos que terminaram a especialidade em março e que, em meados de dezembro, não arrancou ainda.
O resultado é haver médicos especialistas e a cumprir essas funções ganhando como internos, sendo que alguns destes clínicos já optaram por emigrar ou foram exercer funções no privado, acrescenta Miguel Guimarães.
Além da carreira médica, as condições de trabalho globais no SNS deixam os médicos insatisfeitos, com o bastonário a reconhecer que a carga horária no setor privado é mais reduzida, a pressão é menor e os equipamentos são mais atualizados, ao mesmo tempo que os sistemas informáticos não dificultam tanto o trabalho médico.
A insatisfação dos médicos com as condições de trabalho no SNS é precisamente uma das conclusões do estudo “A carreira médica e os fatores determinantes da saída do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, realizado na região Norte de Portugal em colaboração com a Ordem dos Médicos.
Para o bastonário, este estudo funciona também como uma “chamada de atenção” ao ministro da Saúde, sendo que a Ordem pretende alargar esta análise às outras regiões do país.
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