Horas depois do anúncio do republicano, a PUD manifestou preocupação pelo bem-estar dos migrantes venezuelanos nos Estados Unidos, num comunicado divulgado em Caracas.

“Esperamos que a administração Trump reveja as medidas de imigração tomadas recentemente, procurando sempre, no âmbito da lei, as melhores condições para a proteção dos venezuelanos que fizeram do território norte–americano a sua nova casa e que com o seu trabalho honesto contribuem para o desenvolvimento dos Estados Unidos”, explica a PUD.

O documento sublinha que a oposição venezuelana espera que sejam revistas, “especialmente os mais de 600 mil compatriotas que estão a ser diretamente afetados pela medida de cancelar a extensão relacionada com a validade Estatuto de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês)”.

“Defendemos que seja dada atenção imediata e satisfatória a esta situação que tem gerado grande preocupação entre os venezuelanos”, lê-se no texto.

A PUD começa o comunicado expressando “preocupação com o bem-estar de centenas de milhares de concidadãos honestos e trabalhadores que emigraram de maneira forçada em consequência da complexa crise humanitária” na Venezuela, “que se agravou ainda mais, após o desrespeito dos resultados eleitorais de 28 de julho de 2024”.

“A Venezuela esteve durante muitos anos caracterizada como um país de acolhimento para a migração e hoje, infelizmente, milhões de pessoas em todo o mundo são obrigadas a fugir do regime de Nicolás Maduro”, explica a PUD.

A oposição venezuelana diz ainda acompanhar “a iniciativa da nova administração dos EUA” de “enfrentar de forma decisiva os grupos criminosos que têm atuado em território norte-americano e em muitos países da região, como é o caso da organização terrorista [venezuelana] conhecida como ‘Tren de Arágua'”.

Trump revelou quarta-feira que revogou a extensão do TPS a mais de 600 mil venezuelanos nos Estados Unidos, que os protegia da deportação.

“O povo deste país (…) quer que as suas comunidades estejam seguras”, justificou a nova secretária da Segurança Interna, Kristi Noem, ao anunciar a decisão na cadeia televisiva Fox News.

A proteção temporária destes venezuelanos foi prolongada por 18 meses pelo ex-Presidente Joe Biden, poucos dias antes de abandonar a Casa Branca, em 20 de janeiro, quando foi substituído pelo republicano Donald Trump.

Este estatuto, que assegura proteção contra a expulsão e o direito ao trabalho, é concedido aos cidadãos estrangeiros cuja segurança não esteja garantida nos seus países de origem devido a conflitos, catástrofes naturais ou outras circunstâncias extraordinárias.

Durante o seu primeiro mandato, entre 2017 e 2021, Donald Trump, que fez da luta contra a imigração ilegal uma das suas bandeiras, já tinha revogado a proteção temporária de milhares de salvadorenhos, haitianos e nicaraguenses.

De regresso à Casa Branca desde 20 de janeiro, o republicano prometeu lançar “o maior programa de expulsões da história norte-americana”, recorrendo às Forças Armadas se necessário.

A proteção aos venezuelanos tinha sido alargada por Biden devido à “emergência humanitária” que o país enfrenta, que, segundo Washington, é liderado pelo “regime desumano” de Nicolás Maduro, que em 10 de janeiro tomou posse para um terceiro mandato.

Os EUA criticaram a “natureza ilegítima” da tomada de posse de Nicolás Maduro e aumentaram a recompensa para 25 milhões de dólares (24 milhões de euros) por qualquer informação que leve o líder venezuelano à justiça por tráfico de droga e corrupção.

De acordo com o Pew Research Center, 1,2 milhões de pessoas tinham ou eram elegíveis para o estatuto de proteção temporária nos Estados Unidos em março de 2024.