
O chanceler relembrou na rede social X o ataque perpetrado por um extremista de direita na cidade de Hanau, no sul da Alemanha, no qual foram mortas nove pessoas de origem estrangeira em 2020.
“Nove homens e mulheres viram as suas vidas serem-lhes tiradas a 19 de fevereiro de 2020 em Hanau. Nove de nós, brutalmente assassinados por um agressor de extrema-direita”, afirmou numa mensagem de vídeo dirigida aos cidadãos e difundida no canal X.
Na véspera do quinto aniversário do ataque, Olaf Scholz lembra que as vítimas deixaram um vazio impossível de preencher, salientando que é, no entanto, possível “recordá-las e confrontar o ódio racista que lançou as bases dos assassínios” em Hanau.
O mesmo ódio manifesta-se “abertamente” nos dias de hoje, lamentou Scholz, manifestando-se angustiado quando alguns cidadãos lhe dizem que têm medo de ser atacados ou colocados sob suspeita só porque têm raízes imigrantes ou uma cor de pele diferente.
“A resposta, cinco anos depois de Hanau e todos os dias, deve ser: não vamos dar espaço ao ódio contra as pessoas, não vamos permitir que algumas pessoas tentem dividir o nosso país entre nós aqui e os de lá”, disse, referindo-se à AfD.
Scholz sublinhou que as autoridades alemãs têm a tarefa de proteger todos os cidadãos, referindo-se implicitamente às críticas de que a polícia não reagiu com a rapidez suficiente no momento do ataque e de que foram cometidas irregularidades na investigação subsequente.
No entanto, todos os cidadãos podem enviar mensagens “por mais humanidade e menos ódio” na sua vida quotidiana, afirmou o chanceler.
“É por isso que me congratulo com o facto de tantas pessoas estarem a sair à rua contra o racismo e a divisão e penso que representam a grande maioria de nós, que não queremos saber de onde vêm ou em que religião acreditam. São os nossos vizinhos, os nossos amigos, os nossos colegas de trabalho, os nossos colegas de escola”, acrescentou.
Na quarta-feira, dia do aniversário do atentado, o Presidente alemão Frank-Walter Steinmeier participará num evento em Hanau.
A 19 de fevereiro de 2020, um extremista de direita matou nove pessoas que identificou como estrangeiros no espaço de 12 minutos, mais tarde assassinou a mãe e suicidou-se.
Hoje um estudo baseado em análises estatísticas policiais entre 2018 e 2023 concluiu que o aumento da imigração não provocou um crescimento das taxas de criminalidade na Alemanha,
O estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Económicas de Munique (Ifo) não encontrou “qualquer correlação entre o aumento da percentagem de estrangeiros num distrito e a taxa de criminalidade local. O mesmo se aplica ao aumento de requerentes de asilo”.
Uma suposta correlação entre a percentagem de estrangeiros e a criminalidade é uma das bandeiras da AfD, o partido com o segundo maior número de intenções de voto nas sondagens para as eleições de 23 de fevereiro.
O Instituto Ifo é um dos mais importantes institutos de estudos económicos da Alemanha e é geralmente considerado próximo das chamadas posições neoliberais.
Comentários