"O vírus vai acompanhar-nos durante muito tempo", afirmou o responsável numa conferência de imprensa online a partir da sede da OMS em Genebra, depois de começar por referir que a Europa está, em relação à pandemia, em situação estável e com tendência a baixar.
Ainda assim, referiu o diretor-geral da OMS, a epidemia pode reativar-se mesmo em situações em que o confinamento tem resultado, e avisou que "o mundo não voltará a funcionar como antes" e que é preciso procurar uma nova e mais segura realidade.
Tedros Adhanom Ghebreyesus lembrou também que já há 2,5 milhões de pessoas infetadas e mais de 170.000 mortes provocadas pelo novo coronavírus.
Numa conferência de imprensa em que se falou várias vezes do aliviar das medidas de isolamento os responsáveis da OMS disseram compreender que as pessoas "queiram voltar às suas vidas normais", mas assinalaram sempre a importância, na luta contra o vírus, do afastamento social.
O diretor-geral avisou mesmo que se na Europa ocidental a tendência é para baixar a incidência do vírus a OMS está preocupada com as situações em África, na América Central e do Sul e na Europa de leste.
Questionado se a declaração de emergência mundial devia ter sido feita mais cedo, o responsável máximo da organização enfatizou que essa declaração foi feita a 30 de janeiro, “o mais cedo possível”, e esclareceu que nesse momento havia 82 casos confirmados fora da China, a maioria em países vizinhos da China, onde começou a epidemia. A Europa tinha notificado 10 casos e não havia mortes declaradas fora da China.
“Creio que declarámos a emergência no momento adequado, o mundo tinha tempo suficiente para responder”, disse o responsável, que tem sido criticado pelos Estados Unidos em relação à forma como a OMS lidou com a pandemia.
Em 30 de janeiro a OMS declarou o surto como caso de emergência de saúde pública internacional, mas opôs-se a restrições de viagens e trocas comerciais. Nesse dia o número de mortes na China chegava a 169.
Ainda quanto aos Estados Unidos, que cortaram o apoio à OMS, e quando questionado sobre que impacto tinha esse corte, Tedros Adhanom Ghebreyesus disse que o financiamento, venha de onde vier, é sempre para salvar vidas, que é para isso que a OMS trabalha “dia a noite”, e que os ataques à organização só reforçam a sua determinação.
O responsável reconheceu a importância do apoio dos Estados Unidos e disse esperar que o país reconsidere os cortes no financiamento, que serve para “salvar vidas”, concluindo sobre essa matéria: “não tenho energia adicional para responder a críticas, estou concentrado em salvar vidas”.
E quanto às manifestações contra o confinamento (como têm acontecido nos Estados Unidos), o diretor-geral disse que protestos e manifestações podem precisamente levar ao aumento da pandemia, e acrescentou ser muito importante a confiança entre os cidadãos e os governos, para que as pessoas compreendam a necessidade desse isolamento.
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