É uma ilha pequena situada no Mediterrâneo, perto da costa da Turquia e da Síria. É membro da União Europeia desde 2004, mas, na realidade, essa é só uma parte da história do Chipre. A ilha mediterrânica está dividida há mais de 40 anos, na sequência da invasão militar turca em resposta a um fracassado golpe de Estado fomentado pela junta militar no poder em Atenas e que pretendia a união de Chipre à Grécia.
A República de Chipre corresponde à “parte grega” da ilha, internacionalmente reconhecida e parte da UE desde 2004, mas apenas exerce a sua autoridade na parte sul, onde se concentra a população cipriota grega. Os cipriotas turcos ocupam a autoproclamada República Turca de Chipre do Norte (RTCN, cerca de um terço do território e apenas reconhecida pela Turquia).
É sobre esta divisão que dura há 40 anos que decorrem conversações de paz, desde maio de 2015, impulsionadas pela ONU. Esta semana, desde 2ªfeira que se realizam intensas negociações no Palácio das Nações, sede europeia das Nações Unidas, e que têm envolvido o Presidente de Chipre, Nikos Anastasiades, e o chefe da comunidade turca, Mustafa Akinci. Hoje, em Genebra, terá lugar uma conferência internacional que visa lançar as bases para um acordo entre as duas partes - inaugurada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres - mas poderá ser necessário um tempo adicional para um acordo abrangente.
“A conferência vai durar o tempo que for necessário”, esclareceu na quarta-feira a porta-voz da ONU em Genebra, Alessandra Vellucci.
Os dois campos mantinham profundas divergências sobre questões cruciais, em particular em torno de cinco capítulos: economia, União Europeia, restituição das propriedades espoliadas, administração e partilha de poder, arranjos territoriais, segurança e garantias.
De momento, parece já existir um acordo de princípio para que a ilha do Mediterrâneo oriental seja declarada um Estado federal bizonal e bicomunal, com dois Estados constituintes.
Na quarta-feira, registou-se novo progresso no campo negocial, com o mediador da ONU e diplomata norueguês, Espen Barth Eide, a anunciar que os mapas do futuro Estado federal de Chipre foram apresentados pela primeira vez desde a divisão da ilha, em 1974.
Nos meios diplomáticos, é reconhecida a influência decisiva dos países “garantes” da segurança de Chipre após a independência em 1960 – Turquia, Grécia e Reino Unido, a antiga potência colonial que mantém duas importantes bases militares na parte sul da ilha – para a consecução de um acordo abrangente e que depois terá de ser legitimado em referendo pelas duas entidades.
O mediador da ONU referiu ainda na quarta-feira que os três países “garantes” de Chipre estarão representados na conferência internacional pelos seus ministros dos Negócios Estrangeiros. Está ainda confirmada a presença em Genebra do presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker, na qualidade de “observador”.
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