A mostra atravessa cinco décadas de obras da artista nascida em 1926, desde os primeiros trabalhos, no âmbito do movimento ‘Arte Povera’, até aos mais tardios dos anos 1980 e 1990, e às instalações artísticas, entre escultura, pintura e outros trabalhos gráficos.
Como única representante feminina da ‘Arte Povera’, Marisa Merz ficou associada ao marido, Mario Merz, também ele um elemento proeminente do movimento, mas depois da morte do pintor e escultor, em 2003, as suas obras têm recebido mais atenção.
Com a sua origem nos anos 1960, sobretudo na cidade italiana de Turim, a ‘Arte Povera’, termo cunhado pelo crítico Germano Celant, surgiu como movimento de vanguarda que rejeitava o minimalismo e a ‘pop art’ norte-americana, bem como os materiais ricos, para se focar em matéria-prima “humilde”, desde rochas, ramos de árvores e roupas usadas, a corda ou detritos industriais.
Um momento marcante no início do movimento, de que fizeram parte, além dos Merz, também nomes como Emilio Prini, Giovanni Anselmo ou Enrico Castellani, foi uma exposição em 1967, em Génova, na qual surgiram esculturas abstratas e de grandes dimensões, a partir destes materiais.
Um dos destaques da mostra de Serralves é também a peça mais antiga de Merz, “Living Sculpture”, iniciada em 1966, um “emaranhado de alumínio modelado, pendurado do teto, que combina arestas metálicas com contornos suaves e biomórficos”, explica a apresentação da exposição.
Além do trabalho escultórico com os chamados ‘materiais pobres’, que se torna cada vez mais complexo com o passar dos anos, a mostra também inclui o trabalho de retrato, desenvolvido a partir de 1975, quando Marisa começou “a esculpir uma série de pequenas cabeças, muitas vezes modeladas em barro não cozido”.
Nos últimos anos, a italiana voltou-se para as instalações, aumentando a complexidade e as dimensões de cada peça, com uma aproximação a trabalhos multimédia e à própria obra gráfica e pintura.
Entre as obras recentes, destaca-se uma série de “grandes pinturas de anjos alados, que contrastam a impressionante beleza com uma surpreendente ausência de sentimentalismo”.
A exposição abre ao público no sábado, e chega à Europa e ao Porto no âmbito de uma colaboração entre Serralves, o Museum der Moderne, em Salzburgo, na Áustria, e a Fondazione Merz, em Itália.
As duas instituições chegaram a acordo com os norte-americanos Hammer Museum, de Los Angeles, e o Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque, que organizaram a exposição, para a sua apresentação.
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