Num discurso feito nesta terça-feira, o número dois do Hezbollah, Naim Qassem, afirmou que "a solução" para encerrar a guerra no Líbano é "um cessar-fogo" e assegurou que o seu movimento não será "derrotado".
"Uma vez que o inimigo israelita apontou contra todo o Líbano, temos o direito, a partir de uma posição defensiva, de apontar contra qualquer lugar" de Israel, "seja no centro, no norte ou no sul", afirmou Qassem.
Netanyahu disse ser contrário a um "cessar-fogo unilateral, que não muda a situação de segurança no Líbano" e que "não impediria o Hezbollah de se rearmar e de se reagrupar" no sul do país, durante uma conversa telefónica com o presidente francês Emmanuel Macron.
Nesta terça, o movimento pró-Irão indicou ter disparado mísseis contra "três escavadoras e um tanque" do Exército israelita, que pegaram fogo, perto de um vilarejo no sul do Líbano. Também afirmou que lançou rockets contra várias regiões do norte de Israel, incluindo Haifa e Safed, e que derrubou dois drones israelitas.
O Exército israelita reportou na manhã desta quarta-feira que 50 projéteis foram lançados contra o norte do seu território a partir do Líbano, sem registar baixas. O Hezbollah informou que tinha lançado "uma grande salva de mísseis" contra a localidade de Safed.
As autoridades libanesas relataram na noite desta terça-feira a morte de nove pessoas em bombardeamentos israelitas em vários vilarejos do sul do país e de outras cinco numa localidade no leste.
Após quase um ano de fogo trocado com o Hezbollah na fronteira com o Líbano e depois de enfraquecer o Hamas na Faixa de Gaza, o Exército israelita focou-se, em meados de setembro, na guerra no Líbano, onde intensificou os seus ataques contra redutos do movimento xiita.
O objetivo, afirma Telavive, é afastar o Hezbollah das regiões fronteiriças e acabar com o lançamento de rockets para que cerca de 60 mil israelitas deslocados possam retornar para casa. Para isso, Israel iniciou em 23 de setembro uma intensa campanha de bombardeamentos aéreos contra redutos do movimento pró-iraniano e lançou uma ofensiva terrestre no sul do país vizinho uma semana depois.
Os bombardeamentos israelitas de segunda-feira no Líbano causaram 41 mortes, de acordo com as autoridades libanesas. Desde 23 de setembro, pelo menos 1.356 pessoas morreram no país, segundo um levantamento baseado em números oficiais. A ONU também reporta quase 700.000 deslocados.
Combatentes do Hezbollah capturados
O Exército israelita bombardeou nesta terça-feira a região do Beqaa, onde um hospital na cidade de Baalbeck ficou inoperante, assim como o sul do país, segundo a agência oficial de notícias libanesa NNA (na sigla em inglês).
Após os recentes bombardeamentos contra os redutos do Hezbollah no sul e no leste do Líbano, bem como na periferia sul de Beirute, os Estados Unidos aumentaram a pressão sobre Israel, afirmando que se "opõem" à campanha de bombardeamentos das últimas semanas na capital libanesa.
A ONU pediu, por sua vez, que seja investigado um bombardeamento israelita ocorrido na segunda-feira no vilarejo cristão de Aito, no norte do Líbano, que deixou 22 mortos, incluindo 12 mulheres e duas crianças, segundo números da entidade.
Enquanto continuam a guerra contra o Hezbollah no Líbano e contra o Hamas na Faixa de Gaza, os israelitas continuam a preparar uma resposta ao ataque com mísseis do Irão a 1 de outubro.
Netanyahu afirmou nesta terça-feira que o seu país decidirá sozinho, com base no seu "interesse nacional", quais serão os alvos de um eventual ataque contra o Irão, após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, instá-lo a não atacar instalações petrolíferas ou nucleares.
"Emergência permanente" em Gaza
As tropas israelitas realizam uma ofensiva no norte da Faixa de Gaza, especialmente em Jabalia, onde, segundo afirmam, o movimento islamista tenta reconstituir as suas forças.
Um jornalista da AFP viu nesta terça-feira adultos e crianças a deixar o seu bairro e a carregar os seus pertences em carros e carroças puxadas por burros, de bicicleta ou a pé.
"Toda a área foi reduzida a cinzas", lamentou Rana Abdel Majid, de 38 anos e oriunda de Al Faluya, perto de Jabalia. "Se o cerco durar mais dois dias, morreremos de fome", acrescentou.
Perante esta situação, Washington advertiu Israel que poderia reter parte da assistência ao seu aliado, uma vez que a ajuda humanitária no território palestiniano continua sem melhorias.
"É necessário fazer mudanças para que a assistência em Gaza volte a aumentar, já que atualmente está em níveis muito, muito baixos", declarou o porta-voz do Departamento de Estado, mencionando um prazo de 30 dias.
Por sua vez, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou nesta terça que a população de Gaza enfrenta as piores restrições que limitam a ajuda humanitária do último ano.
O diretor do Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas para os Territórios Palestinianos, Antoine Renard, alertou que há uma "situação de emergência permanente".
O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 matou 1.206 pessoas em Israel, na sua maioria civis, segundo um levantamento baseado em números oficiais israelitas, incluindo os reféns que morreram em cativeiro em Gaza.
Pelo menos 42.344 palestinianos morreram, na sua maioria civis, na ofensiva de retaliação israelita em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
Comentários