“Não temos previsto fazer uma atualização também significativa”, disse Nuno Ribeiro da Silva, responsável da energética espanhola em Portugal, em entrevista à agência Lusa.

No que diz respeito ao mercado regulado, o secretário de Estado da Energia, João Galamba admitiu já que, a haver aumentos nas tarifas, em abril, serão “irrisórios”, devido a uma ‘almofada’ de 150 milhões de euros do Fundo Ambiental, resultado do aumento das receitas de carbono, que vão ser usados para reduzir os custos de acesso à rede que estão incluídos na fatura da eletricidade.

Nuno Ribeiro da Silva realçou que os mais de 500.000 clientes domésticos da Endesa em Portugal não têm sofrido ajustes nas tarifas, porém, “para novos contratos, pode haver situações em que se reflita algum do aumento brutal” dos preços grossistas, cuja subida chegou mesmo a atingir os 800%.

“As empresas energéticas, nomeadamente na geração de eletricidade, quando têm de ir ao mercado pagar o gás natural a 150, ou 160, ou 200 – como já esteve – euros por megawatt-hora, quando em 2020 era 25 euros, não têm outra hipótese senão refletir, pelo menos em parte, esse aumento da matéria-prima a que recorrem para gerar eletricidade”, apontou o CEO da elétrica com a segunda maior quota de mercado em Portugal, a seguir à EDP Comercial.

Nuno Ribeiro da Silva sublinhou que a fatura da eletricidade inclui outras variáveis, além do preço da energia, entre as quais os custos de rede e “a célebre componente fiscal”.

“Há aqui variáveis que não dependem das empresas de energia, as empresas de energias produzem ou gerem energia, agora todo o resto – e o resto é muito – que é a fiscalidade e os chamados custos políticos da fatura não são responsabilidade das empresas energéticas”, apontou o responsável.

“Devíamos ter mais centrais renováveis, porque o vento, ao que sei, ainda não encareceu e o sol também ainda não encareceu”, acrescentou Nuno Ribeiro da Silva.

Relativamente à evolução do negócio da Endesa em Portugal, este ano, que arrancou com um elevado nível de incerteza, motivado por um novo pico da pandemia, em janeiro, a que se somou a recente invasão russa da Ucrânia, o responsável destacou uma “evolução muito positiva”, em termos de competitividade.

No entanto, a questão torna-se “mais complicada” nos clientes empresariais, onde, explicou, não há tradição de contratos a longo prazo.

Nuno Ribeiro da Silva referiu que as flutuações dos preços no mercado grossista de eletricidade, que por vezes chega a ser de mais de 60 euros nas mesmas 24 horas, cria “uma enorme dificuldade em fixar preços com credibilidade para os clientes”.

“O que se está a tentar fazer é voltar a enfatizar o tema dos contratos a prazo, inclusivamente contratos a 10 e mais anos”, disse o CEO.

Adicionalmente, uma das formas de compensar as subidas de preços, apontou, passa por programas de eficiência do uso da energia das empresas, como, por exemplo, instalação de painéis fotovoltaicos para autoprodução de eletricidade, através dos PPA (‘Power Purchase Agreement’).