
Mensagens de conteúdo falso ou enganoso sobre o líder da Igreja Católica inundaram as redes sociais nos últimos dias. Um vídeo bastante divulgado parecia mostrá-lo a afastar a mão do presidente americano, Donald Trump, durante um encontro no Vaticano. Embora o pontífice fosse um crítico da política de deportação de imigrantes de Trump, o vídeo é falso e tinha sido divulgado pela primeira vez como uma piada, num programa de televisão.
Boatos espalhados na internet foram comuns nos 12 anos de papado de Francisco. "A tragédia da desinformação é que desacredita os outros, apresentando-os como inimigos, a ponto de demonizá-los e promover o conflito", expressou em 2018, em mensagem pelo Dia Mundial das Comunicações.
Francisco comparou as notícias falsas modernas às "táticas da serpente" no Génesis, primeiro livro da Bíblia, no qual esse animal simboliza a tentação e o pecado. "Não existe desinformação inofensiva. Mesmo uma distorção aparentemente leve da verdade pode ter efeitos perigosos."
Em 2016, Francisco tornou-se protagonista involuntário de uma das mentiras mais divulgadas da eleição presidencial americana, quando viralizou que apoiava Trump. O BuzzFeed News informou, na ocasião, que essa informação havia gerado mais engajamento no Facebook do que qualquer outra notícia eleitoral nos três meses anteriores à votação.
"Manipular mentes"
Internautas mal-intencionados aproveitam o burburinho em torno de eventos importantes para ganhar engajamento nas redes sociais. "Quando alguém morre, por mais mórbido que isso pareça, as pessoas correm para o foco das atenções", explicou à AFP o especialista em alfabetização digital Mike Caulfield, autor de um livro sobre verificação de factos.
"Para alguns, é uma oportunidade para promover diferentes temas, e conectam o evento ou a figura a uma causa política ou teoria da conspiração. Para outros, trata-se apenas de ganhar dinheiro, brincar ou chamar a atenção", disse Caulfield.
Após a morte de Francisco, também surgiram diversas imagens criadas por inteligência artificial (IA), incluindo uma que mostra o Papa envolto numa bandeira arco-íris, que simboliza o orgulho LGBT. A isso somaram-se mentiras espalhadas em vários idiomas, uma das quais apresentava o corpo do Papa num caixão aberto.
Algumas imagens criadas por IA circularam acompanhadas de links maliciosos que levavam a sites fraudulentos, segundo a empresa de segurança cibernética Check Point. O Papa alertou para esse facto em janeiro, quando disse que as tecnologias de IA "podem ser mal utilizadas para manipular mentes". A mensagem tornou-se uma das suas advertências finais sobre a desinformação.
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