Jorge Leite era uma referência na área do Direito do Trabalho e foi deputado na década de 1970, eleito pelo PCP, partido do qual saiu mais tarde, tendo apoiado o BE em eleições recentes.
Numa nota em que lamenta a morte do antigo professor, o Bloco de Esquerda lembra que Jorge Leite deixou uma vasta obra técnica, “centrada na valorização essencial do homem e da mulher trabalhadores”, e que chegou, enquanto deputado, a presidir à Comissão Parlamentar de Direitos, Liberdades e Garantias.
Jorge Leite foi ainda membro do Observatório das Crises e das Alternativas e um dos dinamizadores do Congresso Democrático das Alternativas, de cuja Comissão Coordenadora fez parte, é também lembrado na nota do Bloco, na qual se refere a colaboração “de sempre” com a central sindical CGTP.
Em declarações à agência lusa, o antigo coordenador da CGTP Carvalho da Silva considerou que Jorge Leite era “inquestionavelmente o jurista de Trabalho mais consistente e mais intérprete do Trabalho, da sua geração”.
Jorge leite “deixou a sua marca em muita legislação portuguesa” e teve uma participação importante em muitos momentos decisivos após o 25 de Abril, na produção de legislação.
“Foi um ser humano fabuloso e de uma honestidade intelectual à prova de bala, muito dedicado à causa dos trabalhadores”, disse Carvalho da Silva, acrescentando que em questões como “as 40 horas de trabalho ou o trabalho infantil” as centrais sindicais lhe “devem muito”.
Carvalho da Silva salientou ainda a “independência como técnico e jurista” de Jorge Leite, que, tomando partido nos combates políticos, “era talvez a personalidade mais independente”: era o ser humano que “a partir da exposição clara das suas opções tinha a capacidade de construir posições com fundamento e independentes”, disse.
No comunicado o Bloco de Esquerda lembra que Jorge Leite foi apoiante do partido em vários atos eleitorais e que também apoiou publicamente a candidatura de Marisa Matias às eleições presidenciais.
“Jorge Leite foi, nos anos da ‘troika’, uma das vozes mais qualificadas e empenhadas na denúncia da desvalorização económica e pessoal dos trabalhadores. Nos últimos anos, deu um contributo inestimável e permanente à esquerda e ao Bloco em particular, tendo participado de inúmeras sessões públicas e tendo qualificado com a sua reflexão a ação do Bloco na área laboral”, diz o Bloco, que fala de uma “enorme e irreparável perda”.
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