Num balanço que considera “muito positivo” da participação de Lisboa como cidade convidada de honra na Feira do Livro de Buenos Aires, Carlos Moedas disse aos jornalistas que leva “trabalho para casa”.
“Encontrei-me com o chefe do governo de Buenos Aires, Jorge Macri e combinámos fazer em outubro ou novembro uma cimeira em Lisboa — cimeira Buenos Aires — Lisboa -, e fazer um conjunto de atividades para levarmos como trabalho de casa”, disse o autarca, frisando que não quer que se perca a relação estabelecida entre as duas cidades durante a feira.
Essas atividades — especificou — incluem residências literárias para autores portugueses de Lisboa irem para Buenos Aires e para pessoas de Buenos Aires irem para Lisboa.
“Esse é um ponto muito importante: reforçar as linhas de tradução”, frisou, admitindo ter agora percebido que há muito para fazer, porque há autores que foram à feira, que não estão traduzidos e “merecem ser traduzidos”.
Além disso — adiantou — gostaria de começar a fazer residências não só na literatura mas na arte, na pintura.
Carlos Moedas disse também ter falado com Jorge Macri sobre o passe cultura, que em Lisboa é hoje gratuito para menores de 23 anos e para mais de 65 anos, e que permite acesso a todos os equipamentos culturais da EGEAC (Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural de Lisboa), com vista a poder vir a ser replicado em Buenos Aires.
Mobilidade, inovação e espaços verdes, foram outras ideias discutidas, no sentido de poderem ter as duas autarquias a trabalhar em conjunto.
“Espero que os autores fiquem com contactos aqui, e que possam fluir relações boas para todos”, afirmou, acrescentando que Lisboa está a investir no futuro e nas relações internacionais da cidade.
O autarca referiu ainda que leva frutos deste encontro também em relação às “empresas e novas ‘start ups’, como podem ter relação com a fábrica de unicórnios em Lisboa”.
“Vale a pena investir na cultura, porque quando o fazemos criamos muitas outras relações à volta da relação da cultura”, considerou Carlos Moedas, para quem esta viagem credibilizou Lisboa em Buenos Aires, bem como a cultura, que já era conhecida, graças a nomes clássicos da literatura, como Fernando Pessoa, Eça de Queirós e José Saramago, ou contemporâneos, como Lídia Jorge.
O autarca manifestou ainda a intenção de estudar a possibilidade de introduzir na Feira do Livro de Lisboa a modalidade de cidade convidada, como acontece com a Feira de Buenos Aires.
“Penso que esta experiência nos pode abrir portas para outas feiras do livro noutras cidades e sobretudo trazer outras cidades à nossa feira do livro. É uma conversa que vou ter em Lisboa com a APEL [Associação Portuguesa de Editores e Livreiros] para ver o que podemos fazer sobre isso. Já tivemos a Ucrânia mas podemos ter outras cidades representadas”.
Comentários