"É uma evolução positiva, ainda que tenhamos vivido um agravamento da situação [durante os anos da crise]", disse José António Vieira da Silva.
O ministro está em Nova Iorque, para participar na 56.ª sessão da Comissão para o Desenvolvimento Social da ONU, e lembrou o percurso feito por Portugal no combate à pobreza nas últimas décadas.
"Portugal foi um país que, durante muito tempo, viveu numa situação generalizada de pobreza. Conseguiu sair dessa situação, mas manteve, infelizmente, níveis que são dos mais elevados à escala europeia. Temos ainda 18 por cento de pessoas que, estatisticamente, ao nível da União Europeia, vivem abaixo daquilo que é considerado o limiar da pobreza", explicou o ministro.
"Portugal, que vinha numa tendência descendente desde que há estatísticas europeias a este nível, viu a situação agravar-se durante os anos mais duros desta crise financeira, económica e social. Ainda não temos dados mais recentes, mas os dados de 2016 apontam para uma recuperação e diminuição do número de pessoas em situação de pobreza, principalmente de pessoas em situação de pobreza severa", garantiu o ministro.
Vieira da Silva discursou na segunda-feira na sessão de abertura da 56.ª sessão desta Comissão, a que Portugal se juntou em 2016, e destacou três pilares fundamentais no combate à pobreza: educação, trabalho, e existência de proteção social.
"A combinação dessas três vias é a mais eficaz", adiantou o ministro à Lusa.
Na quarta-feira, o ministro vai apresentar a Declaração Ministerial "A Sustainable Society for all ages: Realizing the potencial of living longer" (Uma sociedade sustentável para todas as idades: Realizar o potencial da longevidade), assinada em Lisboa em a 22 de setembro de 2017 pelos 56 Estados-membros da Comissão Económica das Nações Unidas para a região Europa (UNECE).
O ministro irá apresentar aos restantes estados-membros as três prioridades até 2022 definidas no documento: reconhecer o potencial da pessoa idosa, encorajar o envelhecimento ativo, garantir um envelhecimento com dignidade.
"Pretende-se que as pessoas possam prolongar uma vida de bem-estar, que não se considerem velhas para o trabalho pessoas que tem muito a dar para a sociedade e a si próprias. Trata-se de realizar o potencial de todos e, em particular, dos idosos", explicou Vieira da Silva.
Segundo o ministro, a declaração pretende "minimizar também aquilo que foi, durante muitos anos, um risco de confronto de gerações."
"Os idosos temiam que os jovens lhe viessem tirar o trabalho, os jovens achavam que os mais idosos podiam estar a comprometer o seu futuro. Essa ideia, que durante muitos anos pairou em todas as sociedades, é uma ideia nefasta, negativa, porque a relação entre gerações sempre foi um fator de progresso", explicou.
Vieira da Silva tem ainda prevista, para quarta-feira, uma reunião bilateral com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
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