Numa carta dirigida ao diretor-geral Yaakov Quint, o ministro Yitzhak Goldknopf, um rabino e dirigente do partido ultraortodoxo Agoudat Israel, exige-lhe que termine “imediatamente” com todos os acordos firmados entre a ILA e a UNRWA com o objetivo de desalojar a agência de todos os territórios “arrendados ao Estado”, indicou o diário The Times of Israel.
Desta forma, a medida exigida por Goldknopf abrange os gabinetes da ONU em Maalot Dafna e Kafr Aqab, situada em Jerusalém leste, anexada por Israel desde 1967 mas considerado, a par da Cisjordânia ocupada, território palestiniano em termos de Direito internacional.
Goldknopf considerou que a UNRWA “atuou ao serviço” do Movimento de Resistência Palestiniana (Hamas) “e inclusive participou no brutal massacre de 07 de outubro”.
“A minha intenção é pôr fim a isto e expulsá-los de Israel”, acrescentou o rabino e dirigente político israelita.
Israel acusou 12 elementos da UNRWA, que possui 13.000 funcionários, de terem participado nos ataques do Hamas de 07 de outubro, um número posteriormente reduzido para metade e com o chefe da Agência, Philippe Lazzarini, a considerar inconsistente esse documento acusatório.
Israel tem a decorrer no Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, uma acusação de genocídio que foi interposta pela África do Sul.
Diversos países decidiram suspender o financiamento à UNRWA, com destaque para os Estados Unidos, Austrália, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Países Baixos, Finlândia e Japão.
Portugal foi um dos países a assumir uma posição distinta e anunciou inclusive um aumento do contributo para esta agência das Nações Unidas.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, designou uma Comissão de investigação independente, liderada pela ex-ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, com a colaboração de três institutos escandinavos.
O relatório só estará concluído em abril, e quando a situação humanitária na Faixa de Gaza está à beira do colapso.
O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.
Nesse dia, 1.139 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 134 permanecem na Faixa de Gaza.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas pelo menos 29.000 pessoas — na maioria mulheres, crianças e adolescentes — e feridas mais de 67.000, também maioritariamente civis.
As agências da ONU indicam ainda que 156 funcionários foram mortos em Gaza desde 07 de outubro.
A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 07 de outubro, pelo menos 392 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado 6.650 detenções e mais de 3.000 feridos.
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