Abordado por mais de uma centena de manifestantes, que o esperavam frente à Biblioteca Almeida Garrett, no Porto, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior dialogou com os investigadores, respondendo a perguntas durante cerca de 25 minutos, tendo apoiado e aceitado as críticas e preocupações que lhe foram transmitidas.
“Assino e transcrevo esta carta. Vejo e revejo-me nesta guerra”, admitiu Manuel Heitor, sobre o documento que inclui as reivindicações dos investigadores, pedindo um “esforço coletivo” e concordando com os problemas apresentados.
Mais de 100 investigadores científicos concentraram-se hoje no Porto para entregar em mão uma carta ao ministro, manifestando-se contra a falta de continuidade dos programas anteriormente celebrados e pelo fim da precariedade.
O novo regulamento de avaliação de centros científicos é “ambicioso”
O ministro da Ciência garantiu hoje também que o novo regulamento para avaliação dos centros científicos é "ambicioso" e tem "moldes radicalmente distintos" do anterior, sendo mais simples e orientado para cumprir a política científica do Governo de "criar emprego".
Em Braga, para a inauguração do IB-S - Instituto de Ciência e Inovação para a Bio-sustentabilidade da Universidade do Minho, Manuel Heitor salientou que a possibilidade que aquele regulamento dá às unidades científicas de se "reorganizarem" surge "propositadamente em simultâneo" com a oportunidades de as instituições científicas formarem laboratórios colaborativos com unidades empresariais.
"O regulamento está já publicado, é um regulamento ambicioso, as regras finais são publicadas até ao final da semana e vêm garantir que o processo de avaliação das unidades terá moldes radicalmente distintos daquele que foi feito em 2013 sobretudo simplificando o processo, dando abertura a novas áreas, sobretudo a áreas temáticas de uma forma que possamos garantir o contacto real e efetivo entre avaliados e avaliadores", afirmou o titular da pasta da Ciência e Tecnologia.
Manuel Heitor disse esperar um "amplo debate nos próximos meses" sobre a "possibilidade que foi dada para a reorganização das unidades [de investigação]" salientando que aquela possibilidade não é dada agora por acaso.
"Surge propositadamente em simultâneo com a oportunidade que estamos a dar às próprias instituições formando também com as empresas laboratórios colaborativos", disse.
A importância dos laboratórios colaborativos, que têm no IB-s um "excelente exemplo" segundo o ministro, percorreu todo o discurso de Manuel Heitor porque, disse, vão ao encontro dos objetivos do Governo para a ciência.
"A nossa política científica tem um objetivo, o de criar emprego em Portugal. Os centros [de investigação] têm que ser para a produção de conhecimento, os laboratórios colaborativos tem que ser para a criação de emprego e essa é a necessidade que temos de diversificar a organização do sistema científico e a organização das empresas", apontou.
O IB-S está dividido em duas valências, uma em Braga e outra em Guimarães, sendo que a unidade bracarense acolhe laboratórios para ciências biológicas, biodiversidade, biotecnologia e ecologia, enquanto a de Guimarães centra-se nas ciências dos materiais, produção e gestão de energia, sensores, conservação e reabilitação do ambiente construído.
O objetivo daquela unidade de investigação é "colocar a ciência ao serviço de um modelo de vida sustentável e com maior qualidade nos ambientes construído e natural", contribuindo também para criar 'spin-offs', promover formação pós-graduada e difundir conhecimento, em conjunto com empresas, autarquias, associações, particulares e unidades científico-tecnológicas.
O projeto resulta de uma parceria entre o Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) e o Instituto para a Sustentabilidade e Inovação em Estruturas de Engenharia (ISISE), tendo tido um custo total de sete milhões de euros (5,6 milhões com apoio comunitário (ON.2, Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), e Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional).
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