“Vale a pena sublinhar que nunca esteve em causa por parte do Conselho de Administração, seria um absurdo uma ideia desse tipo e só posso entender que tenha havido qualquer má interpretação quanto ao retirar a cirurgia geral da resposta que é dada pelo hospital em termos de serviço de urgência”, vincou.
Marta Temido falava aos jornalistas à margem da apresentação do projeto “Reinventar os ACeS – Autonomia em Proximidade”, no Porto.
Em declarações hoje à Lusa, o diretor clínico do hospital, no distrito de Setúbal, reconheceu alguns constrangimentos no último mês na cirurgia geral, com ausência inesperada de cinco profissionais, mas garante que as escalas na urgência estiveram sempre preenchidas.
“Nunca esteve em cima da mesa e em momento algum a direção clínica ou o Conselho de Administração deu indicações para a cirurgia geral deixar de ter presença física nas 24 horas do serviço de urgência na composição das escalas”, disse à Lusa Nuno Marques, referindo que a prestação de cuidados de saúde à população não foi nunca posta em causa.
Sublinhando que os chefes de serviço que entregaram na quinta-feira uma carta de demissão à administração se mantêm em funções, o responsável disse que os motivos elencados por estes profissionais não são novos e têm vindo a ser alvo de diálogo.
A governante sublinhou que a normalidade não chegou a ser interrompida porque a escala de cirurgia geral, concretamente o banco de hoje, foi assegurado.
Esta situação deve ser entendida como um “incidente” que, muitas vezes, é transportado para fora das instituições e que ganha uma expressão que não tem, afirmou.
“Admito que possa haver dificuldades relacionadas com a pressão do trabalho e dificuldades de comunicação e devem ser consideradas como isso mesmo, como incidentes que ocorrem e que, muitas vezes, são transportados para fora das instituições e que ganham expressão que não tem com todo o respeito que tenho pelos profissionais”, disse Marta Temido.
Segundo a ministra, estes “incidentes”, por vezes, extravasam a “mesa de trabalho” e provocam “sinais de alarme e preocupação” à população que, no seu entender, deveria ser poupada.
A titular da pasta da Saúde explicou que vários chefes de equipa e especialistas de Medicina Interna apresentaram à direção clínica, através de uma carta, a vontade em colocar os seus lugares à disposição, na sequência de constrangimentos relacionadas com dificuldades de preencher a escala de hoje o nível da cirurgia geral.
Mas, esse problema foi ultrapassado, frisou, acrescentando que além desse, os profissionais apontavam na missiva questões relacionadas com sobrecarga da atividade, redução do número de especialistas e uma alegada retirada da cirurgia geral do serviço de urgência.
A ministra reconheceu, à semelhança do que acontece com outros hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), de que o volume de trabalho é grande e exigente no Garcia de Orta e que o mesmo tem sofrido com a “erosão” nos seus recursos humanos.
A esse propósito, Marta Temido recordou que o hospital tem mais 90 médicos especialistas desde 2015 a esta parte e que, muito recentemente, foram abertas 28 vagas para recém-especialistas.
A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna anunciou na quinta-feira que 10 chefes de equipa de urgência do Hospital Garcia de Orta, em Almada, se tinham demitido em bloco, acrescentando que o protesto dos internistas se devia à decisão do Conselho de Administração de retirar a cirurgia geral da presença física no serviço de urgência.
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