Os sindicatos médicos ameaçaram na terça-feira fazer uma greve nacional na última semana de junho, alegando falta de respostas do Governo a um caderno reivindicativo com quatro anos, que inclui uma nova tabela salarial, adequada ao nível de responsabilidade dos médicos, o descongelamento dos vencimentos, os concursos atempados e a redução do número de horas nas urgências hospitalares.

Em declarações hoje aos jornalistas, à margem do ciclo de debates “Serões da Saúde”, promovido pela Inspeção Geral das Atividades em Saúde, a ministra da Saúde afirmou que as reivindicações dos médicos de uma nova tabela salarial e da redução de horas nos serviços de urgência “não estavam em cima da mesa”.

“São aspetos que são reclamados pelos sindicatos, mas são aspetos dos quais teremos muita dificuldade em aproximar-nos”, admitiu Marta Temido.

“A questão da redução das 18 para as 12 horas no serviço de urgência é uma medida que penso que no médio e longo prazo teremos de caminhar, mas enquanto não conseguirmos reorganizar o sistema de saúde de forma a torná-lo menos centrado no serviço de urgência será difícil caminhar nesse sentido, mas há um caminho para fazer, há uma reunião marcada para o dia 07 de junho e continuaremos a trabalhar”, disse a ministra.

Também não está em cima da mesa das negociações a redução da lista de utentes por médico de família. “Dissemo-lo logo desde o princípio na medida em que ainda temos portugueses sem médico de família”, afirmou a ministra.

Segundo Marta Temido, está a ser ultimado o concurso para a colocação de 378 médicos recém-especialistas Medicina geral e Familiar da primeira época de 2019 nos prazos que estão consignados na lei, 30 dias após a homologação da nota.

“Isto significa que temos a expectativa de até ao dia 16 de maio ter o concurso da colocação dos recém-especialistas na primeira época de 2019 lançado, o que é um progresso assinalável não só para os profissionais, mas também para os portugueses porque permite contar com mais médicos de família” disse a ministra.

Questionada sobre se há condições para negociar e desconvocar a greve dos médicos, Marta Temido afirmou apenas que neste momento a greve “é uma possibilidade”, ainda não foi convocada.

o anúncio da possível paralisação na última semana de junho, que decorrerá num só dia em data a definir, foi feito pelos dirigentes do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, e da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), João Proença, após uma reunião na terça-feira com a ministra da Saúde e a secretária de Estado da Saúde, Raquel Duarte.

Os sindicatos dizem-se “empurrados para a greve”, lembrando que as suas reivindicações, às quais alegam não ter resposta da parte do Governo, têm quatro anos.

Uma nova reunião das duas estruturas sindicais com o Ministério da Saúde ficou agendada para 07 de junho.

Em maio de 2018 os médicos realizaram uma greve nacional de de três dias, convocada pelo SIM e pela FNAM.