“No caso concreto da senhora ministra da Administração Interna, na minha modéstia opinião, ela está a dar uma lição a toda a gente (…) que é a lição de não fugir às responsabilidades”, disse Augusto Santos Silva, que substitui António Costa na ausência do primeiro-ministro, numa entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, hoje divulgada.
“Justamente não fugir à responsabilidade política significa agora contribuir para que tudo se apure, e contribuir por outro lado, para que nesta fase, que é a fase crítica dos fogos contribuir para que o sistema de proteção das populações e dos bens funcione, e finalmente contribuir para apoiar as populações e reconstruir o território”, acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Dois grandes incêndios começaram no dia 17 de junho em Pedrógão Grande e Góis, tendo o primeiro provocado 64 mortos e mais de 200 feridos. Foram extintos uma semana depois.
Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.
As declarações de Santos Silva ocorreram depois de António Costa ter antes reiterado a confiança política na ministra Constança Urbano de Sousa.
Para Augusto Santos Silva, "ser responsável politicamente agora significa duas coisas": "Significa assumir plenamente o dever de conhecer o que se passou, informar o público do que se passou, e agir em consequência, por um lado e, por outro lado, significa também o dever de apoiar as instituições que também foram vítimas do que aconteceu, o que, no caso particular de sistemas tão importantes para a nossa segurança – como são as forças armadas de um lado ou a proteção civil do outro – , significa ser enfático e totalmente inequívoco no apoio às instituições", explicou.
Santos Silva defendeu a colega do Governo, afirmando que a ministra Constança Urbano de Sousa não está "refém" do que possa vir a ser concluído pela comissão independente de peritos que foi aprovada pela Assembleia da República.
O ministro Negócios Estrangeiros falou também do assalto à base militar de Tancos na entrevista à TSF/DN.
Em 30 de junho, o Exército revelou que entre o material de guerra furtado da base militar de Tancos, distrito de Santarém, estão "granadas foguete anticarro", granadas de gás lacrimogéneo e explosivos.
Santos Silva observou que a questão do assalto a Tancos ganha relevância quando se sabe da "dimensão que hoje atinge a criminalidade organizada, designadamente o triplo tráfico de seres humanos, de drogas e de armas com a interconexão que tem com as redes terroristas".
O que aconteceu em Tancos, para Santos Silva, "é um facto muito grave, porque instalações militares foram assaltadas e foi roubado material de guerra".
Perante este facto, para o ministro, "a relevância e a gravidade destes acontecimentos não devem ser escondidas nem desvalorizadas".
Sobre a responsabilidade política do ministro da Defesa, Santos Silva lembrou que "essa responsabilidade está bem determinada nas leis, que estabelecem com clareza as responsabilidades políticas e as de natureza operacional".
Para o ministro, o roubo de armas em Tancos é um incidente que tem custos para a reputação do país, mas a imagem externa de Portugal “não foi afetada no essencial”.
“Porque uma coisa é o incidente, e estes incidentes são sempre perturbadores – ocorram nos Estados Unidos, na Argélia ou em Portugal – mas no essencial, os nossos aliados, os nossos parceiros, os nossos amigos e os nossos adversários, sabem que Portugal é um aliado confiável, que age em função da agenda multilaterais e dos seus compromissos internacionais e é um dos países mais seguros e pacíficos”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros.
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