A procuradora considerou ter ficado provado durante o julgamento que a morte de António Pedro, ocorrida na noite de 01 de maio de 2017, no culminar de uma série de crimes que incluíram sequestro e roubo qualificado, foi premeditada e resultou da ação de ambos os arguidos.
“Foram condutas perpetradas com grande sangue frio, todas muito violentas, que culminaram com a perda de uma vida”, declarou, pedindo ao coletivo de juízas que a pena de prisão a aplicar “seja exemplar”.
Um dos arguidos, Américo Lopes, assumiu hoje ter sido o autor das facadas no peito e no pescoço de António Pedro, mas afirmou que o outro arguido, Luís Peixoto, “puxou” com ele a meia de vidro com que a vítima foi antes esfaqueada, afirmando que agiram sempre "em conjunto".
Ao contrário de Luís Peixoto, Américo Lopes quis falar antes do encerramento do julgamento, declarou estar arrependido e pediu desculpas às vítimas dos vários crimes, em particular à viúva do taxista.
Reafirmou que conhecia António Pedro, a quem devia favores, mas negou que o facto de este ter deposto contra si num processo que correu no Tribunal de Santarém o tenho levado a planear a sua morte.
O arguido relatou que ligou ao taxista para pedir transporte para Tomar e contou como, com Luís Peixoto, se apoderou dos objetos em ouro, dos cheques e do cartão Multibanco da vítima, ficando depois com medo de que este os viesse a denunciar.
Américo Lopes assumiu que foi ele que manietou a vítima com uma gravata vermelha antes de o colocarem no banco de trás do táxi e de o levarem para o local onde depois ocorreu o crime.
O arguido disse ao tribunal não “encontrar justificação” para o que fez, assumindo que esteve preso várias vezes por roubo, mas que nunca tinha feito “mal a ninguém”.
O seu advogado pediu ao tribunal que atenda aos factos e ao papel desempenhado por cada um dos arguidos e que reconheça que não houve premeditação.
Apesar da insistência do mandatário, o outro arguido não quis prestar declarações, tendo o seu advogado procurado demonstrar que a liderança em todos os casos de que estão acusados foi assumida por Américo Lopes e que, ao contrário deste, Luís Peixoto não tem antecedentes criminais e colaborou sempre com as autoridades.
Para o advogado, não foram também conclusivos os depoimentos e as perícias efetuadas sobre a alegada violação, por Luís Peixoto, da mulher que ambos terão sequestrado, na noite de 27 de abril de 2017, no estacionamento do Hospital de Torres Novas e à qual terão dado três comprimidos para dormir, depois de feitos vários levantamentos de dinheiro com o seu cartão Multibanco.
Contudo, Américo Lopes reafirmou hoje ao tribunal a acusação que já havia proferido na fase de inquérito, relatando a forma como terá ocorrido a violação, tendo igualmente o Ministério Público considerado que os vestígios encontrados confirmam esta versão.
Os dois homens, com 56 anos, são acusados, além da prática dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver, sequestro e roubo qualificado cometidos sobre o taxista, de crimes de sequestro e roubo qualificado, na forma consumada, sobre uma mulher, sendo que Luís Peixoto responde também pelo crime de abuso sexual de pessoa incapaz de resistência e por condução sem habilitação legal, e Américo Lopes por extorsão na forma tentada sobre uma advogada de Almeirim e sequestro e furto qualificado na forma tentada sobre a mulher que conseguiu fugir no estacionamento de uma grande superfície em Torres Novas.
Os dois arguidos, que se encontram em prisão preventiva, foram detidos no início de maio de 2017 numa pensão em Torres Novas.
A leitura do acórdão está marcada para o próximo dia 07 de maio.
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