Na China, milhões de pessoas regressaram ao trabalho nesta segunda-feira, após as férias prolongadas para tentar impedir a propagação do novo coronavírus, que já deixou 1.016 mortos no país.O surto obrigou ontem o presidente Xi Jinping a aparecer pela primeira vez em público com uma máscara tendo sido tornado público que, tal como acontece com milhões de chineses, está a ter a sua temperatura controlada para monitorizar riscos de contágio por coronavírus.
As festividades do Ano Novo Chinês tiveram, este ano, início a 25 de janeiro e prolongam-se, em regra, por 15 dias, concluindo-se assim a 10 de fevereiro. No entanto, muitas empresas adiaram o regresso das pessoas às instalações e, no espaço público, mantém-se visíveis os sinais do estado de alerta em que o país se encontra.
Numa tentativa de conter o vírus, as cidades de Hubei estão em isolamento e as autoridades bloquearam as vias de transporte no país para deter a deslocação de centenas de milhões de pessoas, que geralmente visitam as famílias durante as férias do Ano Novo Lunar.
Oficialmente, o prazo foi prolongado por apenas três dias, mas várias cidades e províncias estenderam até 10 de fevereiro.
Estas medidas sem precedentes transformaram diversas áreas em cidades fantasmas.
Ainda assim, em algumas cidades, já se nota o regresso à vida normal. Nas avenidas de Pequim e Xangai o trânsito esteve muito mais intenso que nos últimos dias, mas diversas lojas permaneciam fechadas. A cidade de Guangzhou, no sul do país, anunciou que voltou a haver transportes públicos.
Muitas pessoas não escondiam o receio na volta ao trabalho. "Quando os clientes entram, primeiro medimos a temperatura, depois usamos desinfetante e pedimos que lavem as mãos", disse uma jovem funcionária num centro de estética de Pequim.
Trabalho a partir de casa, centros comerciais desertos, escolas fechadas
Na província de Hubei, dezenas de milhões de pessoas da não regressaram ao trabalho porque, como a região é o foco da epidemia, a quarentena prossegue.
E fora da província em quarentena, muitas empresas limitam o número de funcionários.
O governo de Xangai sugeriu reduzir as concentrações de pessoas com horários de trabalho escalados, cortar os sistemas de ar acondicionado, evitar as refeições em grupo e respeitar uma distância de pelo menos um metro entre os colegas de trabalho.
A plataforma de comunicação empresarial online DingTalk anunciou na semana passada que quase 200 milhões de pessoas estavam a usar a sua ferramenta para o 'home office'.
Uma sondagem feita pela Câmara de Comércio Americana em Xangai mostrou que 60% das empresas planeiam o trabalho a partir de casa.
A imprensa estatal informou que o número de passageiros no metro de Pequim nesta segunda-feira era quase 50% inferior ao de um dia normal de trabalho.
Vários centros comerciais na capital estavam desertos, com lojas vazias ou fechadas.
Empresas como a Toyota adiaram o regresso ao trabalho por mais uma semana.
Escolas e universidades de todo o país permanecem fechadas.
Turismo: países proibem entrada a pessoas oriundas da China
Os chineses enfrentaram também dificuldades nos meios de transporte no seu regresso ao trabalho.
A cidade de Wuxi informou que pessoas oriundas de províncias com um grande número de casos serão obrigadas a regressar, enquanto Suzhou, perto do centro financeiro de Xangai, suspendeu o transporte de passageiros aos distritos próximos.
A indústria turística continua em crise: vários países proibiram a entrada de pessoas oriundas da China e as principais companhias aéreas suspenderam os voos.
O número de mortos pelo novo coronavírus superou a quantidade de mortes em todo o mundo pela epidemia de SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) de 2002-2003, quando a China foi acusada de ocultar casos.
Em Londres, o governo britânico classificou nesta segunda-feira o novo coronavírus como "ameaça grave e iminente para a saúde pública", ao mesmo tempo que anunciou novas medidas para proteger a população.
A União Europeia programou uma reunião para quinta-feira dos seus ministros da Saúde, com a presença de um representante da OMS, para adotar medidas contra a propagação do novo coronavírus.
No Japão, outras 65 pessoas, entre passageiros e tripulantes, do cruzeiro "Diamond Princess" apresentaram resultado positivo para o novo coronavírus, segundo o ministério da Saúde.
Isto eleva a 135 o número de infectados no cruzeiro, que está em quarentena e tem 3.700 pessoas a bordo.
O isolamento do cruzeiro pode prosseguir até 19 de fevereiro.
Em Hong Kong, os turistas que estão confinados a bordo do cruzeiro "World Dreams" durante cinco dias foram autorizados a desembarcar no domingo.
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