Sem nunca ter tido silêncio digno desse nome, algo compreensível tendo em conta que muitos dos 1,5 milhões de peregrinos que assistiram à vigília celebrada no sábado por Francisco aqui pernoitaram, o Campo “renasceu” com a luz do dia, depois de duas ou três horas de uma calma grande, mas longe de ser total.
Ao longo da noite muitos foram os grupos que fizeram festa nos corredores que ladeiam os setores em que o Parque Tejo, esta semana batizado como Campo da Graça, cantando, dançando, ou mesmo jogando à bola.
Enquanto isso, nos setores destinados aos peregrinos, identificados com numerosas bandeiras e tarjas, muitos conseguiam dormir, de forma aparentemente tranquila, imunes ao barulho que os rodeava e à intensidade da luz artificial.
A grande agitação que se viveu no campo depois do final da vigília durou até cerca das três da manhã, diminuindo nas três horas seguintes, que muitos aproveitaram para descansar, ou conversar.
Dentro das muitas tendas montadas nos setores – que no sábado passaram de proibidas a toleradas pela organização – de sacos-cama, cobertos com mantas, foram muitos os que conseguiram descansar, numa noite com temperatura típica da época de verão, e sem vento.
As várias tendas, montadas pela organização para servirem de capelas, onde se encontrava guardado o Santíssimo sacramento (hóstias consagradas para a missa) foram, dentro de cada setor, um espaço de silêncio total e de retiro para alguns.
As casas de banho, que estiveram cheias após a vigília, foram, naturalmente, uma área com grande procura durante toda a noite, mas o trabalho das equipas de manutenção permitiu que a grande maioria estivesse com as mínimas condições de utilização.
Também as equipas de recolha de lixo não tiveram mãos e medir, para ir retirando de junto dos caixotes uma enorme quantidade de sacos, quase sempre atados, ali colocados, mas mesmo assim via-se muito lixo solto pelo campo.
Durante parte da noite, os pontos de venda de comida, com preços inflacionados, foram tendo alguma procura, apesar de a organização ter montado pontos de distribuição de ‘kits’ de alimentação aos peregrinos.
A partir das 5:00, a zona do palco, onde às 9:00 o Papa Francisco celebra missa, entrou em grande azafama, com a chegada de milhares de padres e pessoas encarregadas de distribuir a comunhão (ministros).
Já com o altar a preparado e decorado com flores, alguns voluntários tiveram a “ingrata” missão de acordar grupos de peregrinos que descansavam junto às cadeiras, aos quais davam a indicação: “Tem de acordar, estão a chegar os VIP”.
Com o sol a impor-se à lua, em quarto minguante, o Campo da Graça tem menos de três horas para acordar e preparar-se a rigor para assistir ao último encontro com os jovens, que “invadiram” Lisboa para a JMJ.
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