"O consórcio tem obrigação, agora, de trabalhar junto da APA [Agência Portuguesa do Ambiente], junto da IP [Infraestrururas de Portugal], para verificar se tudo isto é viável", disse hoje aos jornalistas após a reunião da Câmara de Gaia em que foram votados favoravelmente pareceres não vinculativos sobre alterações ao traçado do TGV em Gaia, com votos contra do PSD.

Em causa estiveram propostas para mudar em quilómetro e meio a sul a localização da estação de Gaia, inicialmente prevista para Santo Ovídio, e fazer duas pontes sobre o Douro em vez de uma rodoferroviária.

Eduardo Vítor Rodrigues vincou, no entanto, que Gaia "não vai abdicar da estação de Santo Ovídio em nome de uma estação que pode ser incumpridora do Caderno de Encargos" do concurso público, tendo aplicado o mesmo raciocínio para o caso da ponte.

O autarca disse ainda que caso a eventual exigência de uma nova Declaração de Impacto Ambiental (DIA) para hipóteticos novos projetos surgisse, "já está resolvido o assunto", uma vez que tal demoraria pelo menos um ano e incumpriria os prazos da obra.

Eduardo Vítor Rodrigues também referiu que o consórcio LusoLav não apresentou contas das suas propostas, e do ponto de vista do município o argumento "não conta", sendo problema do consórcio.

Por outro lado, contam argumentos relacionados com a Proteção Civil, a duplicação de linhas na nova estação, ou a jurídica.

"A questão jurídica preocupa-me muito. Por isso, é que o município não está empenhado em ceder a nenhuma alternativa. O município está preocupado em disponibilizar todos os meios para discutir alternativas", disse.

Quanto a mais dúvidas, apontou ainda que o "preocupa" a questão urbanística, pouco abordada na reunião, de colocar a estação longe do centro da cidade e com a autoestrada A1 como barreira.

"Eu não tenho a certeza absoluta que o município cresça, do ponto de vista urbanístico, rapidamente para aquela zona e podemos ficar ali com um polo relativamente desintegrado do miolo urbano", referiu.

Quanto à perda do 'triângulo' de mobilidade em Santo Ovídio entre as linhas Amarela e Rubi do Metro do Porto e de alta velocidade, manifestou preocupações semelhantes.

"É uma coisa que me incomoda, e por isso nunca pus a hipótese de votar favoravelmente uma proposta excludente da anterior", pois "é muito mais interessante para Vila Nova de Gaia ter uma estação de alta velocidade que ao mesmo tempo permite a opção entre a linha Amarela e a Rubi", reconheceu.

A nova estação tem apenas prevista ligação à linha Rubi, e quatro linhas na estação ferroviária, em vez de duas em Santo Ovídio.

O autarca disse ainda que foi o consórcio que teve a ideia "unidirecional" de fazer as propostas de alteração da ponte e da estação, mas quis desde o início da adjudicação, em outubro de 2024, assegurar que os interesses do município fossem assegurados antes de serem abordadas outras instituições.

Revelou também que a Câmara rejeitou outras propostas do LusoLav, como a construção de um viaduto entre Paço de Rei e a nova ponte sobre o Douro, "o que significaria ter um viaduto com mais de 700 metros a atravessar por cima da VL9 e do IC23", algo que classificou como "absolutamente inaceitável".

Eduardo Vítor Rodrigues disse ainda não ter falado com o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, sobre as propostas hoje apresentadas para substituir uma ponte rodoferroviária de dois tabuleiros por duas pontes separadas.

"Eu posso ter discussões informais com o presidente Rui Moreira, mas essas não contam. Para ter discussões formais, tenho de estar legitimado porque não sou o dono disto tudo, e a partir de hoje estou legitimado", disse.